Realismo e distopia em "A extinção das abelhas", de Natalia Borges Polesso

Abstract

O seguinte trabalho tem como objetivo realizar uma análise-interpretativa do romance A extinção das abelhas (2021) de Natalia Borges Polesso. A obra é marcada por apresentar uma visão de uma sociedade distópica a médio prazo que, dialeticamente reproduz um sentimento atual da conjuntura social brasileira. A ideia geral desta pesquisa traduz-se na compreensão das permanências da crise socioambiental, vinculadas às formas de vida que tem em seu lastro um pano de fundo social, cada vez mais intensificado pela “nova razão do mundo”, neoliberal, da ascensão de uma direita extremamente agressiva àquilo que se preservava ainda as relações humanas. Posto isto, interpomos como temas centrais que englobam a contemporaneidade o realismo e a distopia, categorias que serão discutidas na narrativa de Polesso e nos romances brasileiros contemporâneos em maior abrangência. Para fundamentação teórica, nossa leitura dialogará sobretudo por meio de postulações de autores como Dalcastagnè (2012), Menegat (2014), Lima (2021). A extinção das abelhas trata de um retrato do tempo brasileiro atual, de uma sociedade sob um governo de extrema direita, de uma falta de perspectiva de vida pessoal/social e de um momento de cataclismo ambiental.