(27/06/2025) A escuta em livros didáticos de português para a educação básica

Abstract

Neste estudo, compreende-se a escuta como parte do eixo “Oralidade” do ensino de Português e como um complexo processo de decifrar ou interpretar o discurso alheio. Apesar da sua importância, a escuta no ensino ainda é uma temática pouco discutida. Considerando esse contexto, este estudo tem como objetivo analisar os projetos didáticos para abordagem da escuta em livros de Português para os Anos Finais do Ensino Fundamental e para o Ensino Médio. Os fundamentos teóricos contemplam: a abordagem da escuta em documentos oficiais brasileiros (Brasil, 1998, 2006, 2018); e estudos sobre a escuta na Educação Básica (Alvim; Magalhães, 2018; Cruz, 2018) e sobre o conceito de projeto didático (Bunzen, 2014; Mendes, 2005; Pereira; Silva, 2020; Pereira, 2021). Esta pesquisa qualitativa e descritiva, desenvolvida na perspectiva da Linguística Aplicada, tem o corpus formado pelos seguintes documentos: duas coleções de livros didáticos, formadas por quatro volumes cada, direcionadas aos Anos Finais do Ensino Fundamental, Português: conexão e uso (LD1) e Singular & Plural: leitura, produção e estudos de linguagem (LD2); e dois livros didáticos, organizados em volumes únicos, voltados ao Ensino Médio, Práticas de Língua Portuguesa (LD3); e Se Liga nas Linguagens (LD4). A análise, que identificou 121 Ocorrências de Escuta (OE) nos documentos mencionados, foi organizada em três categorias: “escuta como meio para ampliar o repertório sociocultural”, “escuta como meio para produzir o gênero” e “escuta como objeto autônomo”. No LD1, a análise identificou um projeto didático que explora a escuta essencialmente como um objeto autônomo. No LD2, a maioria das OE (74,6%) foi enquadrada na categoria “escuta como meio para ampliar o repertório sociocultural”; já a maioria das OE (58,3%) no LD3 foi identificada como pertencente à categoria “escuta como meio para produzir o gênero”. Por fim, no LD4, há OE em apenas duas categorias: “escuta como meio para ampliar repertório sociocultural” (83,3%); e “escuta como objeto autônomo” (16,7%).