Resumo:
As doenças cardiovasculares (DCVs) são uma das principais causas de morte no
mundo e o Brasil não foge dessa realidade. O presente estudo avaliou o risco
cardiovascular em portadores de doença crônica não transmissível (DCNT) e
realizou intervenções, visando a redução das doenças cardiovasculares. Tratou-se
de um estudo transversal e documental, com abordagem quantitativa e descritiva,
realizado no período entre julho de 2023 a maio de 2024, na Unidade Básica de
Saúde Bonald Filho, em Campina Grande - PB. A amostra foi constituída por 36
participantes do Programa de Cuidados Farmacêuticos da Universidade Estadual
da Paraíba (PROCUIDAF/UEPB), assistidos pelo Consultório Farmacêutico, com
idade de 18 a 74 anos. Iniciou-se com a análise dos exames laboratoriais de julho
de 2023, denominados Tempo 1 (T1), com o propósito de rastrear o risco
cardiovascular (RCV), identificar fatores de risco, elaborar um plano de cuidado e
conduzir intervenções através de Consulta Farmacêutica. Os dados, incluindo
idade, gênero, atividade laboral, estado civil, tipo de DCNT, farmacoterapia, hábitos
de consumo de álcool e tabaco, prática de exercícios físicos, presença de
dislipidemias, síndrome metabólica e índice de massa corporal (IMC), foram
coletados via formulário e analisados estatisticamente, apresentando frequências
absolutas e percentuais. Exames adicionais foram realizados em abril de 2024,
referidos ao Tempo 2 (T2), para avaliar a eficácia das intervenções implementadas
através de comparação estatística dos parâmetros bioquímicos (colesterol total,
LDL-colesterol, HDL-colesterol, triglicerídeos, hemoglobina glicada (HbA1c),
glicose em jejum) e fisiológicos (Pressão Arterial Sistêmica e Pressão Arterial
Diastólica), associados a saúde cardiovascular, utilizando-se do teste Wilcoxon,
considerando o nível de significância de 5% (p<0,05), com o auxílio do software
estatístico Statistics 7.0. Dos 36 participantes houve a maior participação do público
feminino (75%), as idades foram compreendidas entre 56-74 anos. Em relação à
atividade laboral, 32 (89%) encontraram-se inativos e 16 (44%) eram casados. Na
avaliação dos fatores de risco, constatou-se que 15 participantes (42%)
apresentaram hipertensão arterial sistêmica (HAS) isolada, enquanto 14 (39%)
tinham associação com diabetes mellitus (DM). Além disso, 22 (61%) foram
diagnosticados com dislipidemia, 13 (36%) apresentaram sobrepeso e 24 pacientes
(67%) tinham circunferência abdominal alterada. Metade da amostra foi
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diagnosticada com síndrome metabólica. Além disso, 8 participantes (22%)
apresentaram baixa filtração glomerular, enquanto apenas 5 (13,89%) relataram
ser etilistas, 4 (11%) tabagistas e 16 (44%) sedentários. Foram realizadas 210
intervenções farmacêuticas. A análise dos parâmetros bioquímicos e fisiológicos
antes e após as intervenções mostrou um resultado estatisticamente significante
apenas no colesterol total (p=0,0031). Ocorreram poucas reclassificações no
Escore de Risco Global dos pacientes, atribuídas às limitações do estudo como a
discordância com o prescritor sobre a terapia farmacológica e a presença de idade
avançada, DCNT, obesidade, sedentarismo e condições socioeconômicas
desfavoráveis entre a amostra. Apesar da modéstia dos resultados, o farmacêutico
desempenhou um papel importante na equipe multidisciplinar ao identificar o risco
cardiovascular, intensificar ações de prevenção e incentivar o autocuidado dos
pacientes, ajudando a reduzir fatores de risco modificáveis e a promover saúde e
qualidade de vida.