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A presente pesquisa se propõe a resgatar uma parte obscura do passado escravocrata de Ingá, município localizado no interior da Paraíba: Na segunda metade do século XIX, os cativos além de receberem os castigos usuais registrados em nossa historiografia, tiveram seu destino marcado por um ato cruel de seu dono: foram queimados vivos. A fazenda onde viviam, atualmente conhecida como “Fazenda Mata-Negro”, foi palco de uma série de eventos tenebrosos contra a população de escravos, registrados em livros e artigos, e é um registro de como a memória resiste ao tempo e permite que histórias como essas cheguem até os dias atuais. Os trabalhos acerca dessa temática, até então continham muitas lacunas e apresentavam Luduvico de Mello Azêdo, que hoje nomeia uma das principais ruas da cidade, como o dono da fazenda. No decorrer da pesquisa, surgiram evidências de que Antônio Joaquim do Amaral e Silva teria sido o dono da propriedade. Desse modo, tem-se o seguinte problema de pesquisa: Como a memória histórica da Fazenda Mata-Negro se relaciona com Luduvico de Mello Azêdo e Antônio Joaquim do Amaral e Silva e de que forma questões como resistência, manipulação, esquecimento e silenciamento estão presentes nessa construção memorialística? Nesse sentido, esse trabalho foi possível graças as mudanças historiográficas trazidas pela Escola dos Annales que possibilitou que na ausência de documentos escritos, a história seja reconstruída através de uma variedade de fontes e recursos disponíveis. Para isso, será adotada como metodologia, uma abordagem que combina história oral com pesquisas em arquivos, inventários, processos judiciais, etc., na análise bibliográficas de autores especializados em estudos que envolvam temáticas como escravização, memória, história oral, com ênfase nos trabalhos de Chalhoub (1990), Pollak (1992), Essus (1995), Tedesco (2004), Pesavento (2008), Rocha (2009), Barros (2010), Meihy (2015), França (2019), juntamente com a releitura dos livros do historiador ingaense Alexandre Ferreira. Com isso, foi possível concluir que Luduvico de Mello Azêdo e Antônio Joaquim do Amaral e Silva tem relações com a Fazenda Mata-Negro. Ao mesmo tempo que há uma memória que resistiu ao tempo, há uma construção memorialística por traz dessas figuras que envolve manipulação, esquecimento, silenciamento e normalização de práticas cruéis. |
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