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As lesões crônicas, como as presentes no pé diabético, representam um desafio significativo
para a saúde pública, exigindo uma quantidade substancial de cuidados e recursos, tanto
materiais quanto humanos, devido à sua natureza de difícil cicatrização. A presença de infecção
bacteriana é um dos fatores que contribuem para o atraso no processo de cicatrização e, por
conseguinte, para a cronicidade da lesão. Considerando os danos causados por infecções
bacterianas em lesões cutâneas crônicas, várias coberturas são utilizadas para controlar a
proliferação bacteriana e prevenir infecções. Uma das abordagens terapêuticas mais comuns é
o uso do agente antibacteriano tópico sulfadiazina de prata devido à sua eficácia de amplo
espectro contra microrganismos. Contudo, é frequente a falta de adesão dos pacientes devido
às dificuldades em manter o medicamento no local da ferida e à necessidade de múltiplas
aplicações diárias. Assim, o propósito deste estudo foi formular um hidrogel utilizando
laponita® (LAP) para a liberação gradual de sulfadiazina de prata, visando seu emprego
terapêutico no tratamento de lesões cutâneas. As formulações, LAPSP 1% e LAPSP 1,2%,
foram desenvolvidas pela técnica de incorporação e foram caracterizadas por espectroscopia na
região do infravermelho (FTIR), analisada as características reológicas (viscosidade e
espalhabilidade), a liberação in vitro por célula de difusão de Franz em membrana sintética e a
atividade antibacteriana in vitro contra cepas de Escherichia coli (ATCC 25922), Pseudomonas
aeruginosa (ATCC 27853) e Staphylococcus aureus (ATCC 25923). A formação do hidrogel
foi avaliada, empregando a análise da viscosidade, em diferentes concentrações de LAP (3,2 a
3,8%) e em tempos variados. O processo de gelificação nas formulações com maior
concentração de LAP (3,8%) foi mais rápido (1h) em comparação as de menor concentração.
A avaliação da capacidade de espalhamento para LAP 3,8%, LAPSP 1% e LAPSP 1,2%
mostrou um perfil positivo, já que conforme o peso aumentava, esse aspecto também
aumentava. Os resultados do FTIR demonstraram presença de bandas características de grupos
funcionais de ambos componentes da formulação indicando preservação do aspecto químico
durante a produção da formulação. O hidrogel (LAPSP 1%) demonstrou uma taxa de liberação
controlada e sustentada ao longo de 24 horas, comparada à formulação comercial CCSP 1%. O
estudo in vitro da ação antibacteriana mostrou que a concentração inibitória mínima (CIM)
contra E. coli foi de 62,5 µg/ml (LAPSP 1%) e 37,5 µg/ml (LAPSP 1,2%), enquanto a
concentração bactericida mínima (CBM) foi de 62,5 µg/ml (LAPSP 1%) e 37,5 µg/ml (LAPSP
1,2%). Para Pseudomonas aeruginosa, a CIM foi de 31,25 µg/ml (LAPSP 1%) e 18,75 µg/ml
(LAPSP 1,2%), com CBM de 31,25 µg/ml e 18,75 µg/ml, respectivamente. Para S. aureus, a
CIM foi de 31,25 µg/ml (LAPSP 1%) e 18,75 µg/ml (LAPSP 1,2%), enquanto a CBM foi de
31,25 µg/ml (LAPSP 1%) e 37,5 µg/ml (LAPSP 1,2%). Dessa forma, os resultados evidenciam
a eficácia da formação do hidrogel utilizando exclusivamente LAP como excipiente. Isso pode
ser vantajoso para o tratamento de lesões cutâneas em pacientes com úlceras crônicas. Além
disso, devido ao baixo custo de produção, essa abordagem pode ser incorporada ao Sistema
Único de Saúde (SUS), contribuindo para o fortalecimento da indústria nacional e fomentando
a inovação tecnológica. |
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