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A ingestão de medicamentos em doses acima do indicado leva a um quadro de intoxicação, cuja circunstância, na maioria das vezes, é causada pela tentativa de suicídio. No tocante à prevenção do suicídio, embora o Brasil avance na elaboração de políticas públicas, o problema persiste. A pandemia da COVID-19 acarretou uma tragédia sem precedentes na história da humanidade, gerando problemas principalmente na saúde. Este estudo objetivou analisar as tentativas de suicídio por medicamento antes da eclosão da pandemia da COVID-19, anos 2018 e 2019, e dois anos após o ano do início da pandemia da COVID-19, anos 2021 e 2022, objetivando avaliar se existe associação estatisticamente significativa, entre estes recortes temporais e o confinamento da Pandemia da COVID-19. Tratou-se de um estudo transversal e retrospectivo, com abordagem quantitativa, desenvolvido a partir de casos de intoxicações agudas. Os dados foram coletados das fichas de atendimento e notificação do Centro de Informação e Assistência Toxicológica de Campina Grande (CIATox — CG), localizado no Hospital Regional de Emergência e Trauma Dom Luiz Gonzaga Fernandes (HETDLGF), na cidade de Campina Grande, PB, entre janeiro de 2018 e dezembro de 2022.
Os medicamentos foram classificados de acordo com o Anatomical Therapeutic Chemical Classification System. No recorte temporal avaliado, foram notificados 3.392 casos de intoxicações por substância químicas. Os medicamentos corresponderam a 66% (n° 2.238) das notificações. Os eventos foram mais frequentes em mulheres, na idade jovem (15 a 19 anos) e na adulta jovem (20 anos a 29 anos). Com relação a classificação da gravidade final e desfecho, predominaram os casos leves que evoluíram para cura, respectivamente. O grupo farmacológico/terapêutico e o grupo/subgrupo químico que predominaram foram os antiepilépticos, benzodiazepínicos e o clonazepam (N03AE01), respectivamente. A análise do Teste de Fischer apontou associação estatisticamente significativa, entre, sexo e faixa etária, sexo circunstância e sexo por desfecho, nos períodos comparados (p < 0,001). Concluiu que há indícios da influência da pandemia, e das alterações emocionais por ela causadas, como fatores influentes no aumento dos casos de intoxicação em Campina Grande (PB), no período pós pandêmico. |
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