Transtornos mentais comuns no ambiente acadêmico: Um estudo com discentes de enfermagem de uma Universidade no Nordeste

Abstract

Os transtornos mentais comuns referem-se a uma situação de saúde que não atende aos critérios para um diagnóstico específico de acordo com os manuais formais (DSM-5-TR ou CID-11), mas atingem uma grande camada da população e podem ser considerados por um evidenciado e contínuo desconforto emocional que traz algum tipo de prejuízo para o cotidiano do indivíduo. Destacando o contexto universitário, os estudantes carregam expectativas diversas em relação ao futuro e no decorrer da formação são expostos a situações que mobilizam o adoecimento, podendo vir a comprometer sua formação. Em algumas áreas, como a da saúde, os estudantes além de lidarem com suas questões individuais, são expostos constantemente ao sofrimento do outro, dado que lidam com situações complexas de saúde físicas e psíquicas dos pacientes que assistem, o que pode ser um fator agravante no adoecimento mental destes futuros profissionais. Em face dessas questões, este estudo teve como objetivo verificar se estudantes do curso de Enfermagem da Universidade Estadual da Paraíba encontram-se acometidos por Transtornos Mentais Comuns, e para tanto foi necessário definir o perfil sociodemográfico dos participantes; identificar aspectos de sua realidade acadêmica que de algum modo possam estar imbricados na possível ocorrência dos TMC; verificar as práticas de autocuidado que os estudantes pesquisados costumam adotar em suas vidas. Para a coleta de dados foram utilizados o Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20), um instrumento de rastreamento psiquiátrico desenvolvido pela Organização Mundial de Saúde e validado por Gonçalves (2008), composto por 20 questões dispostas em uma escala dicotômica (sim ou não); um questionário sociodemográfico contendo 10 questões; um questionário relacionado à realidade acadêmica dos pesquisados, contendo 6 questões; e um questionário que buscava investigar acerca das práticas de autocuidado adotada pelos respondentes, contendo 5 questões. Quanto aos resultados obtidos, foi encontrada uma prevalência de 53,9% para a presença de TMC, além disso, foi encontrada correlação significativa entre a presença do TMC e gênero, renda, ser bolsista, já ter pensado em desistir do curso e a falta de identificação com a profissão; e correlação entre a ausência do TMC e a prática de exercícios físicos e estar atento a saúde física e mental. Desse modo, os achados evidenciaram a relação entre o contexto universitário e a saúde mental dos discentes e indicam a necessidade de intervenções direcionadas à saúde mental como estratégia de promoção da saúde.