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A institucionalização da loucura no Brasil foi um processo intimamente ligado à Proclamação da República. A partir de um projeto de nação pensado pela elite republicana, a loucura deixou seu aspecto popular, passando para a área patológica. Este trabalho é um estudo acerca dos discursos alienistas responsáveis pelas transformações no modo de percepção e enfrentamento da loucura, durante a passagem do Segundo Império para a República (1870 até 1930), e tem por objetivos discorrer sobre as teorias, importadas da Europa, que nortearam a psiquiatria no Brasil; tratar da construção de asilos-colônias como um projeto sanitário da República e, por fim, abordar alguns tipos de sujeitos que foram considerados loucos, além de analisar a visão do intelectual Lima Barreto quanto a sua internação no hospício em 1919. Em se tratando da metodologia adotada, o presente estudo foi realizado a partir de uma investigação em revistas médicas brasileiras do final do século XIX e início do século XX, disponíveis em acervos digitais; nos manuscritos de Lima Barreto sobre sua internação, organizados em um livro do autor chamado “Diário do Hospício” e, ainda, foi realizada uma revisão bibliográfica de pesquisadores que se debruçaram sobre o tema, como Maria Clementina Pereira Cunha e Lilian Moritz Schwarcz, considerando que tais estudos transitam nos campos filosófico, histórico e sociológico, a partir de pensadores como Foucault, Bauman e Goffman. Os resultados da análise dos discursos médicos e do paciente apontaram que a loucura foi transformada propositalmente num mecanismo da esfera institucional do poder público, que não visava o tratamento dos pacientes, como sugeriam visar, mas sim a segregação de grupos estigmatizados pela doença. Assim, a ciência psiquiátrica no Brasil decidia quem estava apto para viver em sociedade e quem deveria viver enclausurado nos muros da instituição. |
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