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No presente estudo buscamos compreender a mentalidade bolsonarista sob a perspectiva de uma psico-história, tomando como referencial teórico a psicologia fenomenológica sartreana e os estudos freudianos do inconsciente e da psicologia das massas. O bolsonarismo é um movimento político da nossa história recente, centrado na figura do Jair Messias Bolsonaro, um movimento em que seus membros seguiam seu líder quase cegamente, ignorando e hostilizando a todos que não estivessem do seu lado, os transformando em inimigos a serem combatidos, o que resultou talvez na maior polarização política da história do Brasil. O movimento intrigou aqueles que não faziam parte do mesmo pelo seu deslocamento da realidade, criaram uma realidade paralela em que enxergavam-se como participantes de uma guerra santa, lutando para salvar o Brasil das mãos de uma esquerda diabólica que estaria corrompendo a nossa sociedade. De natureza conservadora e anti-progressista, o movimento configurou-se como uma ameaça a diversidade cultural e a “academia” e seus representantes, resgatando a teoria conspiratória do “marxismo cultural” para fundamentar a sua luta contra o mundo. Mais que um sintoma de problemas profundos em nossa sociedade, consideramos o bolsonarismo uma espécie de defesa psicológica contra uma realidade de constantes mudanças que ameaçam a ordem do mundo dessas pessoas. A tentativa de compreender a mentalidade bolsonarista nos parece também uma forma de resistência a presente tendência a relativização do saber, bem como a descrença na relevância da intelectualidade como força transformadora e desejável para a nossa sociedade. Metodologicamente, utilizamos uma bibliografia diversificada para nos ajudar a construir esta psico-história imediata, pois utilizamos história das mentalidades (Vovelle, 2004), imaginário (Sartre, 2019;2021, Wunenburger, 2007), história imediata (Le Goff, 1990), e história digital (Barros, 2022). |
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