Variação na dieta de Atherinella brasiliensis: uma abordagem espacial, temporal e ontogenética no estuário do rio Paraíba do Norte, Paraíba

Abstract

Os estuários brasileiros são ambientes onde diversas espécies de peixes em diferentes fases de desenvolvimento podem ser encontradas devido as oportunidades de refúgio e recursos alimentares em abundância. Este estudo realizou uma análise ontogenética, espacial e temporal da espécie Atherinella brasiliensis levando em consideração o volume das presas encontradas dentro do estômago e a área da boca de um total de 222 indivíduos capturados entre os períodos de chuva e seca no Rio Paraíba do Norte, Paraíba, Nordeste do Brasil. As amostragens foram realizadas no ano de 2018, para isso, o estuário foi dividido em zona superior, intermediária e inferior de acordo com as diferenças da paisagem. Em cada zona utilizou-se uma rede de arrasto (Comprimento: 10m; Altura: 1.5m; Malha: 0.8cm), durante o tempo de três minutos para a captura dos espécimes. Após a amostragem, os espécimes foram inicialmente anestesiados em gelo e depois fixados em formol a 10%, os indivíduos capturados foram divididos em duas classes de tamanho (< 50 mm e > 50 mm) de acordo com o seu comprimento total (CT). A seleção das presas ingeridas destacou-se um forte consumo dos itens Calanoida e Cyclopoida em todas as zonas e em ambas as estações, indivíduos menores e de boca menor apresentaram uma preferência maior por Cyclopoida por ser um item menor, já espécimes maiores e de boca maior consumiram mais Calanoida por ser um item maior. As diferenças na seleção das presas podem ser explicadas pela teoria de forrageamento ótimo, onde a espécie busca itens que proporcione um maior retorno energético considerando as condições do ambiente, suas características morfológicas e as necessidades energéticas do organismo para as diferentes classes de tamanho, evitando a competição intraespecífica. Assim, estudos como este são de suma importância para compreender a ecologia trófica de espécies tropicais, levando em consideração que Atherinella brasiliensis é uma espécie chave, dentro da cadeia trófica do ecossistema estuarino.