Resumo:
Este trabalho investiga o conceito de sujeito na Idade Média, desafiando a visão tradicional que o associa exclusivamente à Modernidade, com foco no cogito ergo sum de René Descartes. A pesquisa parte da análise das Confissões de Agostinho de Hipona, destacando como suas reflexões sobre a interioridade e o autoconhecimento antecipam questões centrais do pensamento moderno. Para Agostinho, o sujeito é definido pela busca de autocompreensão em relação ao divino, sendo a alma o local onde o eu se confronta com Deus e onde se dá o processo contínuo de transformação pessoal. Diferente da visão moderna, em que o sujeito é autônomo e racional, o sujeito agostiniano é marcado pela dependência da graça divina e pela introspecção orientada para o Criador, sem deixar, entretanto, de ser racional e de ter livre-arbítrio. Além de situar a visão de Agostinho no contexto do pensamento medieval, o trabalho também explora como essa concepção influenciou a construção da subjetividade cristã e forneceu bases para discussões filosóficas posteriores. Conclui-se que a subjetividade, tal como pensada na Modernidade, já encontra raízes profundas na filosofia medieval, mostrando que o conceito de sujeito é uma construção contínua e multifacetada.
Descrição:
SILVA, F. A. Entre o humano e o divino: a subjetividade na filosofia de Agostinho de Hipona. 2024. 16 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Filosofia) - Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2024.