Educação e surdidade: um debate sobre os pressupostos epistemológicos da pedagogia a partir do pensamento de Paddy Ladd

Abstract

Apesar de muito recentemente as pessoas surdas conquistarem direitos no acesso à educação, há ainda pendências e lacunas no que diz respeito à forma e maneira pelas quais esse acesso ocorre. No que concerne às pessoas não ouvintes, uma das lacunas diz respeito a não consideração por suas especificidades (cognitivas, linguísticas, sociais, culturais) nos processos de ensino e aprendizagem, em específico, pelas bases epistemológicas que fundamentam tais processos. O objetivo deste trabalho é apontar os limites de tais fundamentos a partir do pensamento de Paddy Ladd, por meio de uma pesquisa bibliográfica, priorizando as ideias de ‘Surdidade’, ‘Identidade Surda’, ‘Cultura Surda’. Alguns dos principais resultados encontrados após a análise dos dados, foram: 1. As bases epistêmicas da Pedagogia, no que diz respeito aos sujeitos surdos, têm raízes na concepção médica e estereotipada desses sujeitos, tomando como padrão teorias da aprendizagem e do ensino que consideravam apenas o ‘modo de ser’, conhecer e aprender das pessoas ouvintes; 2. Por esta razão, a educação das pessoas surdas sempre foi concebida como uma forma de adaptação desses indivíduos à cultura ouvinte; 3. O pensamento de Paddy Ladd apresenta uma análise mais profunda acerca do modo de ser desses sujeitos, expresso na ideia de ‘Surdidade’ (Deafhood); 4. Tal pensamento nos mostrou que as matrizes epistemológicas da pedagogia necessitam de uma revisão crítica dada a forte presença dos conceitos, ideias e princípios, oriundos do ‘modo de ser ouvinte’, nas teorias educacionais. Desse modo, concluímos que os pressupostos que fundamentam a pedagogia ainda são excludentes quando se volta à educação para todos. Em contrapartida, pensadores como Paddy Ladd, vem representando uma fonte de renovação dos pressupostos epistemológicos (excludentes) que, há séculos, orientam a Pedagogia.