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A partir da leitura da obra Só as Mulheres Sangram de Lia Vieira (2017), traçamos nossa pesquisa tentando entender quem são as mulheres negras construídas nos contos da autora, bem como suas vivências dentro da sociedade brasileira, a partir da teoria feminista de autoras negras como Ribeiro (2018) e hooks (2018). Na obra, há nove contos que trazem a figura do povo negro, assim como se encontram contos cujas protagonistas são as mulheres negras, e cabe a nós descobrirmos quem elas são, quais suas histórias, e como se dá a construção de suas identidades. Ainda na busca de compreender o ser dessas mulheres negras, tentamos discorrer sobre a vida da própria autora, de modo que a mesma também é uma mulher negra que enfrenta obstáculos por conta dos crimes raciais no reconhecimento autoral literário. A partir do conceito de escrevivência, da autora Conceição Evaristo, buscamos analisar a escrita da autora Lia Vieira enquanto escrita de vivências negras, e essas escritas são apresentadas na obra envolvendo não só a pertença étnica, mas todas as situações nas quais milhares de mulheres negras vivem diariamente um sangrar, que na obra são refletidas nas personagens da autora, em um enfrentamento ao racismo e ao sexismo. É então no decorrer da pesquisa que defendemos os objetivos traçados: Analisar a construção da identidade da mulher negra nos contos de Lia Vieira, identificar os dados biográficos da autora citada, apresentar o contexto sócio histórico de produção da obra e analisar a escrita escrevivente de Lia Vieira. Para isso, nossa metodologia aborda o tipo de pesquisa bibliográfica, bem como qualitativa apresentada por Gil (2009), uma vez que faz uso de materiais acadêmicos como artigos científicos e teses, possuindo o foco de trabalhar as problemáticas existentes acerca da falta de valorização da escrita negra e de como a mulher negra sofre na sociedade enfrentando o racismo e a sexualização, de modo que utilizando de tais materiais se fez necessário “interrogar, questionar, duvidar, concordar” (Pinheiro, 2003, p. 17) para assim compreendemos que as personagens criadas pela autora são as representações das mulheres reais da nossa sociedade e que sua escrita escrevivente é uma contação de histórias refletidas na ficção. |
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