Resumo:
O artigo investiga o impacto social e econômico do Cólera na Província da Parahyba do Norte durante o período de 1855 a 1863. Concentra-se nas duas grandes afetações (1856 e 1862), analisando como a doença afetou a população e forçou as autoridades do governo local e os agentes econômicos a se reorganizarem. O objetivo do estudo é entender as repercussões dessas manifestações de Cólera nas economia e finanças provinciais e no sistema de saúde pública, portanto. A pesquisa destaca como essa crise de saúde se entrelaçou com o cenário econômico mais amplo do Brasil na época, com foco particular nas indústrias de açúcar e algodão. Usando uma abordagem quantitativa, de história conjuntural (Mauro, 1972), com método analítico de fontes de natureza serial, a pesquisa é embasada em documentos como os Relatórios dos Presidentes da Parahyba do Norte, do Ministério do Império e da Fazenda, dados econômicos e registros de saúde pública. O esforço investigativo situa as epidemias de Cólera dentro de uma narrativa mais ampla de transformação econômica, ilustrando como a Província mudou seu foco de produção para atividades mais lucrativas, como o cultivo de açúcar e algodão, em detrimento daquelas de subsistência. Essa mudança foi motivada pela escassez de mão de obra devido às altas taxas de mortalidade, especialmente entre populações escravizadas, e às pressões econômicas gerais da época, contribuindo, também, para o contexto de carestia que se faria presente na Província ainda em 1855. Embora a moléstia tenha devastado a população, matando mais de 25.000 pessoas durante a primeira manifestação, ela não levou a um colapso econômico ou uma crise financeira, como se poderia supor. Em vez disso, catalisou um período de reestruturação econômica, com a Província experimentando crescimento em seu setor de agroexportação. Apesar dessa alta mortalidade, autoridades locais e produtores se adaptaram, levando a uma melhora relativa nas finanças provinciais e à pujança econômica, dentro dos limites do setor primário. A segunda manifestação de Cólera em 1862, ainda que menos grave, também resultou em mais reformas de saúde pública e ajustes econômicos contínuos, particularmente na regulamentação da infraestrutura de saúde pública. O estudo conclui que a epidemia de Cólera, embora um desastre humano e de saúde pública de curto prazo, teve implicações econômicas e sociais de longa duração para a Província da Parahyba do Norte, nem tão negativas quanto suposto.
Descrição:
ASSIS, L. R. P. O Cólera na Província da Parahyba do Norte: efeitos sociais, consequências econômicas (1855-1863). 2024. 33 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Estudos de História Local, Sociedade, Educação e Cultura) - Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2024.