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A histoplasmose é uma doença infecciosa, com distribuição mundial, causada pelo fungo
dimórfico Histoplasma capsulatum (H. capsulatum). Lesões orais são incomuns e, na maioria
dos casos, ocorrem na forma disseminada da doença, observada em indivíduos idosos,
debilitados ou imunossuprimidos. O objetivo deste estudo é relatar um caso de manifestação
oral de histoplasmose em paciente imunocompetente, discutindo sua etiopatogênese,
características clinicopatológicas, diagnóstico diferencial, tratamento e prognóstico. Paciente
do sexo masculino, 70 anos de idade, agricultor e tabagista, foi encaminhado para avaliação de
lesões ulceradas e dolorosas em cavidade oral. Durante a anamnese, relatou histórico de câncer
de orofaringe há 12 anos. O paciente, hipertenso controlado, apresentava boa condição geral de
saúde, sem linfadenopatia locorregional. Ao exame físico intraoral, foram observadas lesões
ulceradas, com bordas discretamente endurecidas à palpação, localizadas em mucosa labial
inferior e comissura labial, do lado esquerdo. Lesões semelhantes foram identificadas em ápice
e borda lateral direita de língua. Sob a hipótese diagnóstica de sífilis, foi realizada biópsia
incisional. A análise histopatológica revelou inflamação crônica granulomatosa não caseosa,
apresentando macrófagos epitelioides, linfócitos e células gigantes multinucleadas. No interior
dos macrófagos e células gigantes multinucleadas, foram identificadas pequenas estruturas
ovaladas, compatíveis com leveduras, prontamente visualizadas após coloração com Ácido
Periódico de Schiff (PAS). Exames sorológicos revelaram ausência de reação para VDRL e
positividade para H. capsulatum (banda M detectável e banda H não detectável). Dessa forma,
estabeleceu-se o diagnóstico definitivo de histoplasmose. Exames adicionais revelaram
negatividade para anticorpos anti-HIV1/2 e ausência de alterações pulmonares. O tratamento
consistiu na administração de itraconazol (200mg/dia) por 45 dias. Trinta dias após o início do
tratamento, houve remissão completa das lesões. Aos 28 meses de proservação, não foram
identificados sinais clínicos de recidiva. Em conclusão, a histoplasmose constitui uma das
micoses endêmicas mais comuns em países da América e, ainda assim, é frequentemente
subdiagnosticada e negligenciada como prioridade em saúde pública. Manifestações orais
primárias dessa doença em pacientes imunocompetentes são incomuns e podem mimetizar
outros processos patológicos, incluindo neoplasias malignas. Nesse sentido, o presente caso
ressalta a importância de incluir a histoplasmose no diagnóstico diferencial de lesões ulceradas
em cavidade oral. |
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