Resumo:
Esta pesquisa aborda a representação da identidade da mulher negra africana,
no romance e na adaptação fílmica homônima “Flor do Deserto”, de Waris Dirie
e Cathleen Miller (2001) e Sherry Hormann (2009), respectivamente. Objetiva a
análise da construção identitária da personagem Waris Dirie, enquanto
protagonista de sua própria história de vivências na Somália, onde fora
submetida, ainda na infância, à prática de infibulação, mutilação dos órgãos
genitais femininos. Endossada pelos estudos literários e culturais, a pesquisa
aponta como a prática da infibulação interferiu na construção da identidade de
Waris, por dificultar a relação de seu próprio "eu" com o outro, dentro e fora de
sua sociedade. A negação da condição de mulher e da atuação como sujeito
feminino marcam as contradições de uma prática violenta e injusta, justificada
por questões culturais e religiosas questionáveis, cujas explicações são ainda
hoje incoerentes. Baseada no aporte teórico de autores como Bauman (2005),
Bhabha (2003), Hall (2006), Laraia (1997), Lísias (2001), Munanga (1986),
dentre outros, que discute a relação entre identidade, cultura, sobretudo a
cultura negra, e a representação da mulher na sociedade africana, a pesquisa
confirma a questão da ideologia ritualística como um precedente para a
negação da identidade negra feminina e como tal negação tem reverberado na
discussão e na luta pelos direitos humanos.
Descrição:
MEIRA, D. A. B. Identidade e representação da mulher negra em "Flor do deserto". 2014. 34f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Letras)- Universidade Estadual da Paraíba, Guarabira, 2014.