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Este Trabalho de Conclusão de Curso investiga a construção de uma poética teatral educacional indígena antigenocida, tomando como objeto de leitura crítica a obra Tybyra: Uma Tragédia Indígena Brasileira, de Juão Nyn (2020). A pesquisa se desenvolve a partir de três vertentes principais: a análise da obra de Nyn, a investigação do espetáculo O Ancestral em Nós: Conexões entre Corpos e Vozes (2024) e a minha experiência pessoal interpretando Tybyra no espetáculo. A literatura indígena é explorada a partir de três eixos fundamentais: a identidade étnica do autor, a autonomia estética das formas narrativas e a relação intrínseca entre o autor e seu território étnico-cultural. O objetivo geral deste estudo é compreender como a poética antigenocida se manifesta na literatura e no teatro indígena, analisando as estratégias narrativas e performáticas que ressignificam corpos dissidentes e desafiam a colonialidade da linguagem. Para isso, os objetivos específicos incluem: (I) analisar a construção ficcional do personagem Tybyra na obra de Juão Nyn, observando como a narrativa subverte paradigmas coloniais; (II) examinar a transposição dessa narrativa para o espetáculo teatral O Ancestral em Nós, investigando como a dramaturgia dialoga com a literatura indígena e amplia sua potência de resistência; (III) refletir sobre minha experiência enquanto atriz na interpretação de Tybyra, problematizando o impacto dessa vivência na construção de uma poética teatral educacional indígena antigenocida. A pesquisa ancora-se nas reflexões de Ailton Krenak, Kaká Werá Jecupé, Eliane Potiguara e nos princípios do movimento Yvyrupa, especialmente no que se refere à interconexão entre terra, aldeia e educação, sublinhando o poder dessas narrativas como instrumentos de resistência cultural, preservação identitária e afirmação de uma poética indígena que desafia o genocídio simbólico e físico imposto aos povos originários. Além disso, a noção de “trapaça com a língua”, conforme elaborada por Roland Barthes e Geni Núñez, auxilia na investigação da subversão das narrativas hegemônicas por meio da linguagem poética e teatral. Ao enfatizar a potência dessa literatura e de sua transposição cênica como instrumentos de resistência, este trabalho contribui para o fortalecimento de epistemologias indígenas e suas práticas artísticas, que desafiam tanto o apagamento simbólico quanto as violências históricas impostas aos povos originários. |
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