Coping na gestação: estressores psicossociais e estratégias de enfrentamento

Abstract

A literatura sobre o ciclo gravídico-puerperal tem enfatizado os aspectos psicológicos da gravidez, negligenciando aspectos sociais que se relacionam a maiores níveis de estresse durante a gestação. Objetivou-se, portanto, investigar o coping de gestantes usuárias de Unidades Básicas de Saúde (UBS) frente a estressores cotidianos. Trata-se de uma pesquisa empírica, descritiva e exploratória, de cunho qualitativo, em que participaram doze gestantes cisgênero, a partir de 18 anos, usuárias do Sistema Único de Saúde. Como instrumentos de pesquisa foram utilizados uma ficha sociodemográfica e clínica, e uma entrevista com roteiro semiestruturado abarcando os estressores e as respectivas estratégias de enfrentamento. Os dados foram analisados a partir da análise de conteúdo temática, com categorias definidas a priori pela Teoria Motivacional do Coping (TMC). Foram identificados os seguintes estressores: trabalho, gestação, dificuldades financeiras, relação conjugal e relação familiar. A análise do coping evidenciou que a família de coping acomodação foi a mais utilizada frente a maioria dos estressores, por meio de estratégias como minimização, redirecionar o foco e aceitação. Apenas o estressor financeiro obteve em maioria estratégias de enfrentamento associadas a famílias de coping que alertam para prováveis desfechos desadaptativos, como Desamparo e Submissão. Constatou-se que o estresse gestacional envolve aspectos psicossociais que estão sendo enfrentados por meio de diferentes estratégias, que nem sempre protegem a saúde da gestante. Assim, alerta-se para a necessidade de demais estudos psicossociais sobre a gestação na psicologia e o aprofundamento do estudo sobre coping no tema.