Resumo:
A história das “mulheres de conforto” representa um dos episódios mais emblemáticos da
exploração sexual durante o período imperial japonês (1932-1945). Esse sistema
institucionalizado de violência sexual envolve a coerção e o abuso de milhares de mulheres
provenientes de países sob domínio colonial japonês, muitas vezes recrutadas por meio de
falsas promessas. Elas eram tratadas como objetos sexuais para os soldados japoneses,
refletindo uma ideologia de superioridade racial, nacionalista e de controle dos corpos
femininos. O objetivo central desta pesquisa é analisar como as interações entre gênero e
sexualidade foram usadas para perpetuar a exploração dessas mulheres. Para isso, adotamos
uma abordagem qualitativa e bibliográfica, com base em livros e artigos científicos. A análise
está estruturada em três capítulos: o primeiro examina a origem e o funcionamento do “sistema
de conforto”; o segundo discute os conceitos de gênero e sexualidade como ferramentas
teóricas para compreender a exploração em tempos de guerra; e o terceiro aborda o tratamento
dispensado às “mulheres de conforto” após a Segunda Guerra Mundial, explorando as
desigualdades na preservação de suas memórias e os impactos dessas narrativas nas percepções
nacionais. O referencial teórico da pesquisa utiliza as contribuições de Michel Foucault,
especialmente o conceito de sexualidade como “dispositivo histórico”, sendo essencial para
compreender a instrumentalização dos corpos femininos. A pesquisa também se baseia na
crítica de Sarah Soh ao termo “Comfort Women”, que desumaniza as vítimas, e na teoria da
performatividade de gênero de Judith Butler. Além disso, é utilizamos autores como Joan Scott
e Oyèrónké Oyĕwùmí para ampliar a discussão ao problematizar a construção cultural do
gênero e sua aplicação a contextos não ocidentais. A pesquisa revela que o sistema das
“mulheres de conforto” foi uma manifestação do patriarcado imperialista, no qual a violência
sexual foi institucionalizada como estratégia. A análise também evidencia que o uso do termo
“mulheres de conforto” suaviza a gravidade dos abusos, indicando que a expressão “escravidão
sexual” é mais apropriada para tratar do assunto com justiça e precisão.
Descrição:
FARIAS, L. M. A exploração das "mulheres de conforto" pelo império japonês: uma análise das interações entre gênero, sexualidade e poder. 2024. 57 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em História) - Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2025.