Influência dos impactos antrópicos no tamanho do corpo de insetos macrobentônicos em reservatórios do semiárido

Abstract

A eutrofização proveniente de atividades humanas, é uma das principais problemáticas para qualidade da água atualmente, que, além de prejudicar tais atividades, gera consequências ecológicas: proliferação de cianobactérias, depleção de oxigênio e perdas de diversidade taxonômica e funcional. Efeitos que se agravam nos reservatórios do semiárido, por serem lênticos e ambientados em altas temperaturas e baixa pluviosidade. Portanto, por serem essenciais para o mantimento da disponibilidade hídrica e da biodiversidade residente, torna-se fundamental a mensuração do seu estado trófico (IET), enquanto medida de qualidade, e o biomonitoramento das características funcionais dos organismos residentes, considerando sua resposta aos impactos. Para isso, utilizamos o índice mais aplicável e consideramos a resposta do tamanho corpóreo, comumente observada em organismos de ecossistemas impactados. Para isso, foram utilizados insetos macrobentônicos, alvos comuns de estudos ecológicos devido a suas características de tolerância e/ou sensibilidade ao ambiente, ciclo de vida longo e relevância ecológica. Como objetivo de analisar a resposta do tamanho corporal aos impactos ambientais. Com essa finalidade, o sedimento com os indivíduos, a transparência e amostras de água para a mensuração do índice, foram coletados em três reservatórios, da bacia hidrográfica do Rio Paraíba, estado da Paraíba, Brasil, todos impactados por ocupações humanas marginais. Sendo consideradas as estações seca (dezembro, 2021) e chuvosa (maio, 2022), foram amostrados 15 pontos por reservatório, equidistantes e marginais, cobrindo todo o seu perímetro, demarcados via imagens de satélite. O sedimento foi coletado com uma draga Ekman (225 cm2), fixado em álcool a 70% e, em laboratório, lava em água corrente, em peneiras de 0,5 mm, refixado e triado para a separação dos organismos, posteriormente, identificados até os níveis de família e gênero com microscópio, estereomicroscópio e chaves de identificação. O tamanho corpóreo foi categorizado em: muito pequeno, pequeno, médio e grande. Para verificar a dominância das categorias, foram utilizadas médias ponderadas da comunidade (CWM), baseadas na abundância total, e a sua frequência. Para verificar diferenças, para o IET e a CWM, entre os reservatórios, foi aplicada uma análise PERMANOVA e para verificar a influência do IET em relação ao tamanho corpóreo, foi feita a Análise de Redundância baseada na distância (db-RDA). Após análises, não foi identificada diferença significativa no valor do índice IET (entre estações), e na CWM (entre estações e entre reservatórios) que apontou dominância dos tamanhos pequeno e médio. Uma diferença considerável para o IET (entre reservatórios). Com a db-RDA, verificou-se uma associação positiva entre as variáveis de maior grau de trofia, mesotrófico e eutrófico e os menores tamanhos de corpo, negativamente associados a oligotrofia. Observamos uma predominância de tamanhos de corpo menores em reservatórios com maior grau de impacto, mostrando que a característica é um fator aplicável para o biomonitoramento de ecossistemas impactados.