Representatividade negra nos materiais didáticos dos anos iniciais do ensino fundamental em Guarabira: implicações para a formação da identidade de crianças

Abstract

Este trabalho tem como objetivo analisar a representação de pessoas negras nos livros didáticos dos anos iniciais do ensino fundamental e o seu papel na constituição da identidade de crianças negras. Esse objetivo foi detalhado nos seguintes objetivos específicos: identificar como as pessoas negras são representadas nos livros didáticos dos anos iniciais do ensino fundamental; refletir se as narrativas vinculadas às imagens de pessoas negras nos livros didáticos reforçam ou desafiam estereótipos; compreender como as representações de pessoas negras nos livros didáticos podem contribuir com a formação da identidade de crianças negras. Para atender a esses objetivos, a pesquisa discute teoricamente como os livros didáticos, instrumentos pedagógicos amplamente utilizados nas escolas, desempenham papel central na construção de narrativas, valores e referenciais identitários (Pinto, 1987; Cavalleiro, 1998). Além disso, reflete como a historicidade da constituição da população negra no Brasil (Reis, 2000) impacta como esse grupo é percebido ainda hoje (Santos, 2001). Metodologicamente, a pesquisa se vincula a uma abordagem qualitativa, desenvolvendo uma pesquisa documental nos materiais didáticos adotados no município de Guarabira-PB, através do Programa Educar Pra Valer. A partir da Análise de Conteúdo (Bardin, 2011) os dados foram analisados e indicam que, apesar de avanços após a promulgação da Lei 10.639/2003 (Brasil, 2003), a representação da população negra em materiais didáticos ainda é limitada. Tal limitação impacta negativamente o processo de identificação e valorização da identidade das crianças negras, podendo contribuir para a reprodução do racismo estrutural no ambiente escolar. Conclui-se que é urgente promover a inclusão de narrativas plurais e positivas sobre a população negra nos materiais pedagógicos, bem como investir na formação docente antirracista. Assim, será possível fortalecer a autoestima das crianças negras e contribuir para a construção de uma educação mais equitativa, crítica e democrática.