Utilização de extratos vegetais em pesquisas odontológicas: panorama dos últimos 10 anos

Abstract

Objetivo: Avaliar o panorama da pesquisa odontológica, nos últimos dez anos, com relação ao uso de extratos vegetais. Metodologia: Foi realizado um estudo bibliométrico com base nos resumos dos anais da Sociedade Brasileira de Pesquisa Odontológica (SBPqO) entre 2014 e 2023. A coleta de dados utilizou os termos de busca “Extrato(s)”, “Extrato(s) Vegetal(is)”, “Extract(s)” e “Plant extract(s)” em todas as categorias, em português e inglês. Foram lidos integralmente os resumos encontrados, incluindo os trabalhos relacionados ao tema e excluindo duplicatas e resumos que continham os descritores, mas que abordaram outros temas. A tabulação e análise dos dados foram feitas usando estatísticas descritiva e analítica (Teste de Qui-quadrado). Para a análise de tendência temporal, aplicou-se um modelo de regressão linear simples (α = 0,05). O teste de Qui-quadrado (α = 0,05) e o cálculo da razão de chances (IC95%) foram usados para testar associações entre variáveis categóricas. O banco de dados foi construído no Microsoft Excel, e as análises realizadas no RStudio (versão 2023.12.0.369).Foi realizado um estudo bibliométrico Resultados: Foram apresentados 381 resumos sobre extratos vegetais nas reuniões da SBPqO, com uma associação significativa entre o ano de publicação e o número de publicações (y = -4,0x + 60,1; R² = 0,8; p < 0,001). A cada ano, houve uma diminuição média de aproximadamente quatro publicações. A maioria dos estudos foi realizada na região sudeste (50,9%) e em instituições públicas (71,1%). Pouco mais da metade teve apoio financeiro (53,3%). O tipo de estudo mais frequente foi o laboratorial (96,3%), com a própolis originária de diferentes tipos de espécies vegetais sendo a mais estudada (15,2%). A família Fabaceae foi a mais encontrada (12,9%) e o extrato etanólico, o mais utilizado (12,6%). Apenas 28,3% dos estudos desenvolveram formulações, sendo pasta e solução as formas farmacêuticas mais recorrentes (36%). A atividade antimicrobiana foi a mais presente (53%). Houve uma associação significativa entre o ano de publicação e a quantidade de resumos financiados (y = -1,53x + 28,73; R² = 0,61; p < 0,001), com uma diminuição média de aproximadamente duas publicações financiadas por ano. Conclusão: As pesquisas envolvendo extratos vegetais têm volume relativamente constante de publicações nos anais da SBPqO, o número das pesquisas e apoio financeiro reduziu em pequena quantidade ao longo dos anos. A própolis foi estudada com maior prevalência. As pesquisas predominantemente se restringem ao âmbito laboratorial, e menos da metade avançaram para o desenvolvimento de formulações de uso odontológico.