Perfil epidemiológico das neoplasias malignas de cavidade oral, glândulas salivares e orofaringe no nordeste brasileiro

Abstract

O câncer de cabeça e pescoço apresenta altas incidências de casos, representando assim, um importante problema de saúde pública no país. O objetivo desse estudo foi descrever o perfil epidemiológico dos casos de câncer de cavidade oral, glândulas salivares e orofaringe diagnosticados na região Nordeste do Brasil, no período de 2016 a 2021. Nessa perspectiva, foi realizado um estudo ecológico, de natureza observacional, comparativo-descritivo e com abordagem quantitativa, utilizando dados secundários obtidos no Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SUS), processados no portal do Departamento de Informática do SUS, em que foram avaliados os casos de neoplasias malignas de cavidade oral, glândulas salivares e orofaringe por sítios anatômicos (C00-C14). As variáveis utilizadas foram diagnóstico detalhado, sexo, faixa etária, modalidade terapêutica, tempo de tratamento e estadiamento. Os dados foram avaliados comparando-se a prevalência dos casos e suas variáveis nos estados do Nordeste. No período avaliado, foram notificados nesta região 20.685 casos de neoplasias malignas de cavidade oral, glândulas salivares e orofaringe. A Bahia foi o estado do Nordeste que notificou a maior quantidade de casos (5.507 - 26,6%). O sítio anatômico mais acometido foi a orofaringe (5.529 - 26,7%); a faixa etária mais afetada foi a de “60 a 64 anos” (3.024 - 14,6% casos) e o sexo mais atingido foi o masculino (14.518 - 70,2%). No tocante ao estadiamento, o grau IV foi o mais notificado (6.258 - 30,2%). Constatou-se que a modalidade terapêutica mais utilizada foi a radioterapia (8.010 - 38,7%) e, que o período de tratamento mais frequente foi “121 a 300 dias” (3.635 – 17,5%). Conclui-se, portanto, que o perfil epidemiológico dos casos notificados é composto por indivíduos do sexo masculino, idosos e com diagnóstico predominantemente tardio. Portanto, é crucial aprimorar os programas governamentais que ampliem o papel do cirurgião-dentista na atenção básica. Isso permitirá ações de educação, prevenção, promoção de saúde e diagnóstico, com o objetivo de melhorar o prognóstico, a sobrevida e a qualidade de vida dos pacientes, além de reduzir os custos do SUS com hospitalizações e óbitos causados por esse conjunto de neoplasias malignas.