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As praias são ambientes de grande importância para os peixes, por servirem para desova cres- cimento e por possuir grande abundância de recursos, porém esses ambientes são constante- mente degradados pela urbanização da costa, descarte inadequado de resíduos sólidos e cons- tante atividade turística, associados aos ambientes de praias. Os estuários participam com a entrada de água dos rios no oceano, o que é chamado de pluma estuarina, ela carrega diversos nutrientes que são de extrema importância para a manutenção dos ecossistemas costeiros, po- rém junto com ela também vem o plástico. O crescimento deste tipo de poluição se torna cada vez mais grave devido ao constate crescimento populacional e o uso desenfreado de materiais compostos de plásticos como é o caso de roupas sintéticas e eletrodomésticos. Existem dois tipos de microplásticos os primários que já são produzidos dessa forma, os chamados micro- esferas e os secundários que são provenientes de plásticos maiores que foram descartados de forma inadequada e com o tempo se degradam em tamanhos menores que 5mm, podendo ter a forma de filamento ou de fragmento e serem encontrados em diversas cores, sendo as mais comuns azul, preto, vermelho, verde, branco e transparente. A ingestão desse microplástico pode ocorrer de forma ativa ou passiva e a maior parte do microplástico consumido é encon- trado no trato gastrointestinal do peixe. A família Engraulidae, que possui a maioria de espe- cies zooplanctófagas são mais suscetíveis a ingestão acidental pela filtração, porém peixes de hábito piscívoro como é o caso do Lycengraulis grossidens também estão suscetíveis através da cadeia trófica. Esse estudo foi realizado com o intuito de analisar variações espaciais e temporais na ingestão de microplásticos pelos peixes pelágicos da família Engraulidae, em praias com influência estuarina localizadas nos municípios de Lucena - PB e praias sem in- fluência estuarina localizadas em João Pessoa - PB. Para isso foram realizadas expedições du- rante o período de chuva (Abril, Maio e Junho) e seca (Outubro, Novembro e Dezembro). Com uma rede de arrasto os espécimes foram coletados, congelados e levados para laborató- rio, onde foram identificados e tiveram o trato gastrointestinal retirado e dissolvido em KOH 10%. Após esta etapa, o conteúdo dissolvido foi levado para análise em estereomicroscópio, onde os microplásticos foram separados por cor e tipo. No total foram coletados 524 indiví- duos da família Engraulidae, o maior consumo de microplástico foi apresentado no período chuvoso, embora não tenham sido observadas diferenças espaciais significativas, costinha apresentou sempre uma maior ingestão de microplástico pelos peixes. O filamento foi o tipo mais consumido, por ser facilmente confundido com os copépodes, como também a cor azul, além de ser a mais abundante. Os resultados desse trabalho podem contribuir para estudos de possíveis impactos da ingestão desses peixes pelos humanos, por serem espécies que partici- pam do comércio. |
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