Resumo:
Durante as últimas décadas, visando otimizar e maximizar as vantagens inerentes às formas farmacêuticas, observa-se um avanço no uso da tecnologia para a modificação da liberação de fármacos. Alguns fármacos, como a dexametasona (DEXA), possuem determinadas limitações, como por exemplo, seu caráter lipofílico que interfere diretamente na sua solubilidade e, consequentemente, na sua absorção. Diante disso, os materiais híbridos orgânico-inorgânicos do tipo ureasil-poliéter destacam-se por combinar propriedades físico-químicas de fases inorgânicas e orgânicas, resultando em um material inovador que possuem estabilidade térmica, flexibilidade, capacidade de controlar o perfil de liberação e possibilidade da incorporação de substâncias lipofílicas e hidrofílicas. Dentre estes, o poli(óxido de etileno), com massa molecular de 1900 g/mol, possui propriedades hidrofílicas que garantem estabilidade em pH biológico, mas baixa resistência mecânica. Para o melhoramento, plastificantes podem ser usados, como o álcool polivinílico (PVA), a hidroxietilcelulose (HEC), a hidroxipropilmetilcelulose (HPMC) e a glicerina (GLI). O objetivo do trabalho foi desenvolver e comparar materiais híbridos do tipo ureasil-poliéter incorporados com DEXA com e sem plastificantes. As membranas híbridas foram desenvolvidas por meio do método sol-gel. Plastificantes foram incorporados para otimizar as propriedades. As membranas foram caracterizadas visualmente e, após a seleção das melhores formulações, a DEXA foi incorporada para avaliação de desempenho. As análises realizadas incluíram Termogravimetria (TG), Análise Térmica Diferencial (DTA), ângulo de contato para avaliar molhabilidade e testes de intumescimento em solução tampão fosfato (pH 7,2). Os resultados demonstraram que as membranas com HPMC e GLI apresentaram melhor desempenho, evidenciado por maior estabilidade térmica e flexibilidade. As análises térmicas indicaram o predomínio das características do U-PEO 1900, sem indicativo de incompatibilidade física ou química. Foi possível incorporar até 3% (m/m) da dexametasona. O ângulo de contato confirmou o perfil hidrofílico das membranas, mesmo após a adição do fármaco hidrofóbico. Nos testes de intumescimento, as membranas com HPMC exibiram um aumento médio em torno de 85% no volume após 120 minutos de imersão, enquanto as com GLI mostraram um aumento de cerca de 65% após 60 minutos. Após 24 horas, foi vista a completa desintegração do material. Esses resultados demonstram a possibilidade de otimizar as propriedades dos materiais híbridos, oferecendo uma plataforma flexível e eficaz para a liberação controlada de fármacos. Estudos futuros devem focar na avaliação da resistência mecânica das membranas, como a força de ruptura, e na realização de testes de liberação da dexametasona, para entender melhor o comportamento sob condições fisiológicas.
Descrição:
FARIAS, Jayane Ellen Pereira. Membranas híbridas ureasil-poliéter com dexametasona: Efeito dos plastificantes nas propriedades físico-químicas. 2024. 56 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Farmácia) - Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2024.