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Calotropis procera (Apocynaceae), popularmente conhecida como “Algodão de seda”, destaca-se por possuir variadas classes de compostos (flavonoides, terpenos, alcaloides), responsáveis por suas atividades e usos etnofarmacológicos. O trabalho teve como objetivo realizar a caracterização química, avaliar a toxicidade e a atividade antinociceptiva da fração n-butanólica (FB) da espécie. As folhas foram coletadas em Cabedelo, Paraíba, e um espécime encontra-se catalogado em herbário e no SisGen (A9852FB). O extrato etanólico bruto (EEB) foi particionado com solventes em gradiente crescente de polaridade para obtenção da FB. Utilizou-se a Cromatografia Líquida de Alta Eficiência acoplada à Espectrometria de Massas com ionização por Eletrospray (CLAE-IES-EM), no modo negativo, para anotação dos compostos. A FB foi submetida a cromatografia por extração em fase sólida e, deste modo, obtiveram-se 10 frações. A fração 3 (102,9 mg) foi estudada por CLAE analítico e a partir do método desenvolvido foi transposta para escala preparativa, o que resultou em 4 frações. Submeteu-se a fração 4 da CLAE preparativa à análise por RMN de 1H e 13C, conduzindo ao isolamento da substância CP-R (9 mg). Na avaliação das atividades in vivo (CEUA – Unifacisa 03.0001.2024/05.2024), o ensaio de toxicidade oral aguda foi realizado na dose única de 300 mg.kg-1 da FB e os testes antinociceptivos de contorções abdominais induzidas por ácido acético e teste da formalina nas doses de 3,75, 7,5 e 15 mg.kg-1. Com o estudo por CLAE-IES-EM foram anotadas 7 substâncias, correspondentes a compostos fenólicos e ao megastigmano roseosídeo, inédito na espécie. A partir da análise do perfil do cromatograma da FB, dados espectrais da fração 4, juntamente com as informações contidas na literatura, foi possível inferir que o composto CP-R se tratava do (6S, 9S) roseosídeo, comprovando os dados anotados. No modelo de toxicidade in vivo não ocorreram mortes, alterações na evolução absoluta, hematológicas e/ou bioquímicas. A FB (3,75, 7,5 e 15 mg.kg-1) reduziu significativamente o número de contorções abdominais em 51,76, 73,38 e 91,46% e o tempo de lambida de pata em 14,59, 42,23 e 63,83%, na primeira fase do teste, e em 51,17, 81,68 e 91,73% na segunda etapa, respectivamente, quando comparados ao controle. Portanto, sugere-se a presença de 6 compostos fenólicos e do o (6S, 9S) roseosídeo, isolado pela primeira vez na espécie C. procera. A FB demonstrou efeito antinociceptivo em todas as doses testadas, com ausência de toxicidade oral, o que reforça a relevância da espécie perante seu uso etnomedicinal e como alternativa terapêutica para o desenvolvimento de fármacos relacionados a modulação da dor. |
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