O discurso do pioneiro e do desbravador como sisaleiro: Padre Galvão e a construção cultural da "Pocinhos" como cidade do "ouro verde" (1940-1970)

Abstract

Esta pesquisa procura analisar como o discurso do pioneiro e desbravador, representado pela a figura de Padre Galvão, se ombreou para a construção de um imaginário cultural e social de Pocinhos-PB durante o período do “Ouro Verde” (1940-1970), no auge da cultura sisaleira. O estudo se propõe a investigar o avanço do cultivo do sisal no Brasil e sua chegada em Pocinhos, destacando a transformação social, econômica e cultural, bem como, examina, através do conceito de Hobsbawm e Ranger (1997), como esta planta auxiliou na formação de “tradição inventada” e criando uma identidade cultural local, usada em elementos simbólicos que reforçam um sentimento de pertencimento aos pocinhenses. Também, exploramos o papel central de Padre Galvão (1910-1997) neste contexto, como líder religioso e político, e de que forma ele promoveu sua imagem de “mito fundador” da cultura sisaleira em Pocinhos. Além disso, utilizando o conceito de Pierre Nora (1993) como “lugares de memória”, analisamos espaços construídos em sua homenagem que se transformam em símbolos de progresso social e econômico da cidade, reforçando um imaginário de Padre Galvão como líder visionário. Além disso, foi usando aportes teóricos de autores como Porto (2022), Medina (1954), Oashi (1999), Silva (2012), Nunes (2006), Araujo (2016), Barros (2022) e Ribeiro (2013). Essa pesquisa utilizou de fontes diversas, como documentação oficial, o Livro de Tombo da Paróquia Nossa Senhora da Conceição de Pocinhos, documentos da Câmara, historiografia local e memórias registradas em obras de pocinhenses. Outrossim, o período do “Ouro Verde” foi fundamental para economia local, estabelecendo a identidade da cidade, com Padre Galvão surgindo como figura central desse progresso ao se colocar como pioneiro da cultura sisaleira em Pocinhos, usando sua influência e autoridade religiosa e política para fortalecer seu protagonismo no imaginário popular da cidade.