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Como a governança ambiental global pode contribuir para a efetividade do processo de
responsabilização da Braskem por danos socioambientais em Maceió? A partir de 2018, alguns
bairros da cidade de Maceió, no Alagoas, começaram a enfrentar problemas graves relacionados
ao afundamento do solo na região. Após investigações, pesquisadores atribuíram as causas do
fenômeno à exploração do minério sal-gema, realizada pela Braskem, uma das maiores
empresas petroquímicas do mundo. Embora a empresa tenha sido judicialmente obrigada a
indenizar as vítimas e promover realocações, persistem sérias consequências socioambientais,
com milhares de famílias impactadas e bairros inteiros abandonados. A relevância desta
pesquisa se justifica pela necessidade de compreender como os mecanismos de governança
ambiental global podem fortalecer a responsabilização de grandes empresas por danos
socioambientais, especialmente em um contexto em que as comunidades afetadas enfrentam
significativas barreiras no acesso à justiça. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é analisar
os desafios da governança ambiental global no Brasil, com foco na transparência, participação
social e acesso à justiça ambiental. Para tal, este estudo adotou uma abordagem qualitativa, de
natureza básica, com objetivos exploratório e descritivo, com procedimentos bibliográficos e
documentais, incluindo o estudo de caso da atuação da Braskem no caso ocorrido em Maceió,
diante dos impactos socioambientais. Os resultados evidenciam que a responsabilização da
Braskem enfrentou sérios obstáculos estruturais, como captura regulatória, baixa transparência
institucional e exclusão social dos atingidos do processo decisório. A análise revelou que o
Acordo de Escazú, embora ainda não ratificado pelo Brasil, oferece diretrizes essenciais para
corrigir essas falhas ao promover o acesso à informação, a participação pública e a justiça
ambiental. A pesquisa também conclui que, para além das reparações indenizatórias, é urgente
reforçar o modelo de governança ambiental que assegure justiça intergeracional e fortaleça o
controle social sobre grandes empreendimentos. A integração entre o direito internacional
ambiental e os marcos constitucionais brasileiros desponta como caminho promissor para
prevenir futuras tragédias ambientais e garantir a efetividade dos direitos humanos em contextos
de risco ecológico. |
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