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A charge é um texto jornalístico que, por retratar a sociedade, pode representar indivíduos, discursos e movimentos políticos. Com o advento das redes sociais, o imaginário social se aproximou do chargista e da sua produção, consequentemente, tornando sua obra uma representação histórica e social dos indivíduos e seus discursos políticos. O objetivo geral deste estudo é analisar como a identidade fascista é representada no imaginário social por meio das obras do autor Jota Camelo lançadas no segundo semestre de 2022, período em que ocorreram as eleições presidenciais. Os nossos objetivos específicos são quatro: (i) analisar como um sujeito fascista é representado nas charges do autor Jota Camelo, (ii) identificar quais elementos verbais e não verbais são ligados ao fascismo na charge, (iii) identificar quais discursos estão presentes nas charges e iiii) Reunir do ponto de vista teórico, as características do fascismo e dos sujeitos fascistas A teoria linguística utilizada para o nosso estudo é a Análise Dialógica do Discurso associada ao círculo de Bakhtin, com autores como Fiorin (2011) e Brait (2008) compondo nossa fundamentação teórica. Além disso, nosso arcabouço teórico é composto por dois autores que apontam as características do movimento fascista, são eles: Stanley (2018) e Eco (2018). Nossa pesquisa é explicativa e se utiliza do método qualitativo para análise e interpretação de dados. A análise demonstrou que o chargista se utiliza da intertextualidade e interdiscursividade para representar o sujeito fascista que por muitas vezes é ligado a um seguidor do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro. As atitudes dessa figura pública se conectam com a de um líder fascista, como o seu anti-intelectualismo. Nove características relacionadas ao fascismo foram encontradas nas charges, sendo elas: a) Nacionalismo ao extremo; b) Enaltecimento de um passado irreal; c) Ação apenas pela ação, sem uma reflexão sobre seus atos; d) Enaltecimento de uma cultura patriarcal; e) Crença de que a população é dividida em dois grupos e que está no “grupo certo”; f) Obediência a uma hierarquia inspirada no meio militar dentro do seu grupo, visto que existe um líder a ser enaltecido; g) Obsessão por teorias da conspiração, bem como em tudo que lhe parece “irreal”, mas que explique seus problemas atuais; h) Intolerância com a diferença e a diversidade social; i) Propagação da cultura anti-intelectualista. Portanto, a charge foi usada como instrumento de representação de uma identidade que permeia o imaginário social e que esteve presente principalmente no período eleitoral. |
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