Trabalho e feminismo: uma leitura do romance Luzia-Homem (1903), de Domingos Olímpio

Abstract

Luzia-Homem, obra publicada pelo escritor cearense Domingos Olímpio, encontra-se localizada, dentro da ampla literatura brasileira, como um romance que recebe a caracterização de “regionalista-naturalista”, concebido durante o que ficou conhecido como Naturalismo brasileiro. A trama do romance centraliza-se em Luzia, protagonista masculinizada, no contexto da seca, que compreendeu o período de 1877-1879, no Ceará. Este trabalho busca, utilizando de uma pesquisa de caráter bibliográfico, uma análise geral sobre alguns dos aspectos temáticos da obra, também, abordando o movimento de recepção do romance, em época aproximada a de sua publicação. Por esse motivo, utilizou-se Hans Robert Jauss (1994), que compreende na persona do leitor o fator decisivo para a permanência e reverberação de uma obra no gosto popular. Por meio da discussão sobre a estética da recepção, com foco nesse agente e a visão com a qual o mesmo concebe um escrito, foi possível notar a falta de menções significativas sobre Domingos Olímpio e sua contribuição para a literatura regional. Considerando isso, buscou-se reproduzir a recepção feita a Olímpio nos manuais literários, no sentido de delinear o horizonte de expectativas a respeito do autor e do movimento naturalista no Brasil. Para mais, buscando compreender a visão sobre o feminino na obra, através de um levantamento à diferentes autores, evocamos a visão sobre ele e suas novas caracterizações do feminino, difundidas por Luzia-Homem, e outras protagonistas e obras, que abordam em seus enredos, diferentes tipos de masculinidades, em circulação no período. Desse modo, este escrito encontra-se dividido em duas partes, quanto a abordagem sobre o romance: 1- Apresentação do autor, abordando sua relevância para a literatura do período e a análise sobre a recepção de sua obra de maior destaque; 2 – Apresentação do romance e as questões temáticas escolhidas para estudo de Luzia-Homem.