“Somos os pés e as mãos dos médicos e enfermeiros”: Análise da atividade de Agentes Comunitários da Saúde

Abstract

Os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) são profissionais considerados atores-chaves na implementação de políticas voltadas para a Atenção Básica a Saúde. Tendo em vista a importância desses profissionais para a reorientação e superação do modelo médico-hospitalar, o presente estudo objetivou analisar a atividade de trabalho de Agentes Comunitários inseridos no Programa Saúde da Família em Unidades Básicas de Saúde do Município de Campina Grande. Para tanto, os referenciais teóricos que fundamentaram as reflexões advêm da Clínica da Atividade, desenvolvida por Yves Clot, e da perspectiva ergológica proposta por Yves Schwartz. O método utilizado situa-se no âmbito da pesquisa qualitativa e dez profissionais participaram como sujeitos desse estudo. A fim de compreender a atividade de trabalho, além de ter sido realizado uma entrevista com roteiro semi-estruturado, foi utilizada a técnica da Instrução ao Sósia. Reconhecendo que o trabalho não é apenas execução de normas e prescrições, foi possível perceber que o real da atividade vivenciado pelos ACS é permeado por variabilidades nas visitações, educação em saúde e atendimentos fora da hora de serviço, fazendose

necessário que a todo o momento o agente construa novos modos de fazer e ser através de sua própria experiência e na relação com o outro. A ausência de capacitações, a falta de insumos e tecnologias para a realização de suas funções são geradores de sofrimento na medida em que amputam o poder de agir dos agentes. No entanto, apesar de tantas dificuldades relatadas, o sentido de permanecerem na profissão se encontra na possibilidade de ajuda ao outro.