Resumo:
Esta pesquisa tem como objetivo a representação do personagem negro, no conto (2002) e no filme (2004) homônimos, Meu tio matou um cara, de Jorge Furtado. Partindo da investigação da construção do personagem, os modos de olhar a imagem do negro na contemporaneidade, identificamos os deslocamentos que essa construção provoca, na tentativa de evidenciar o lugar que o negro possui nas atuais manifestações artísticas e culturais. Estabelecendo a relação entre o personagem protagonista Duca e a sociedade de classe média onde vive, é possível perceber que as ideologias de inclusão do negro nas bases socioculturais brasileiras ainda constituem uma discussão acentuada e uma luta de conscientização que norteiam o espaço que este ocupa na sociedade. Dessa maneira, através da análise de ambos os textos e da articulação com os estudos culturais, verificamos que a condição e o lugar do negro em nossa sociedade ainda atravessam um longo caminho de modificações e expectativas, pois a busca pela representação do personagem negro ainda enfrenta os estereótipos estabelecidos historicamente para sua construção enquanto sujeito ativo, participante dessa sociedade. Em consequência disso, mesmo quando o personagem foge ao padrão usual de representação da negritude, ainda assim ele enfrenta os preconceitos e julgamentos vigentes na sociedade, tornando-se ciente de sua condição. Apenas quando reconhecida tal condição é que a personagem pode imprimir voz a sua própria identidade.
Descrição:
MARQUES, J. J. E. A representação do personagem negro em Meu tio matou um cara, de Jorge Furtado. 2014. 29f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Letras)- Universidade Estadual da Paraíba, Guarabira, 2014.