A linguagem como elemento revelador de identidades culturais: um olhar sobre os sujeitos de "O fim e o princípio" de Eduardo Coutinho

Abstract

A cultura é um sistema de representação em permanente transformação que engloba conhecimentos, hábitos, costumes, crenças, religiões, língua e pensamentos. Compreende-se que cada indivíduo ou grupo de pessoas carrega essa representação consigo aonde quer que vá, a qual é transmitida de geração a geração e se apresenta como identidade de um determinado grupo social, havendo, desse modo, uma interação constante entre linguagem e cultura, já que a cultura está ligada às formas de comunicação que são estabelecidas pela linguagem, ou melhor, aos padrões aprendidos e desenvolvidos pelo homem desde seu nascimento. Este trabalho, de caráter bibliográfico e documental, tem como objetivo refletir de que forma a linguagem pode revelar a identidade cultural constituída ao longo do tempo e ainda se manter inúmeros traços dessa identidade na pós-modernidade. Nesse sentido, teve-se como objeto de pesquisa o documentário “O fim e o princípio” de Eduardo Coutinho, cuja categoria de análise se voltou à fala de moradores, um grupo de idosos da comunidade de Araçás que foi entrevistado pelo cineasta. Metodologicamente buscou-se respaldo teórico em Vygotsky (2002), Bakhtin (2006), Hall (2005), François (1997) entre outros. O resultado da pesquisa aponta que a linguagem é um elemento revelador da identidade cultural de um povo visto que determinados costumes, crenças, religião e ideologia de vida se manifestam na fala do sujeito socialmente construído a partir do conhecimento empírico, que pela natureza da vivência acaba quase se configurando com um conhecimento científico. Espera-se, portanto, que este trabalho possa ampliar as discussões em torno da identidade cultural que se faz conhecer no ato da fala.