Resumo:
O litoral brasileiro apresenta uma grande extensão, sendo constituído, dentre outros sistemas
costeiros rasos, por praias arenosas, mais ou menos expostas às ações das ondas (Refletivas e
Dissipativas), as quais são uma das principais áreas de recrutamento de várias espécies de
peixes. Devido a essa importância, o presente trabalho testou a hipótese da variação na
organização trófica entre praias com diferentes graus de exposição. O estudo objetivou avaliar
a ecologia trófica das assembléias de peixes de duas praias (Curva do Pontal e Campina) do
estuário do rio Mamanguape, Barra de Mamanguape, Paraíba, durante a fase de seca e a fase
chuvosa do ciclo hidrológico. As amostragens foram realizadas durante Outubro a Dezembro
de 2010 (período seco) e Abril a Junho de 2011 (período chuvoso), utilizando-se de arrastos
de praia (extensão de 30m). A unidade amostral foi padronizada com cinco réplicas aleatórias
em cada praia. Os peixes coletados foram fixados e levados para o laboratório onde foram
identificados, pesados e medidos, e, por último a análise estomacal feita sob microscópio
estereoscópico. A dieta das espécies foi analisada a partir do Índice Alimentar (IA). Foram
analisados 1040 estômagos das 18 espécies mais abundantes, sendo que apenas 905
apresentaram conteúdo. A organização trófica evidenciou diferenças entre praias e ao longo
do ciclo hidrológico. Os principais grupos tróficos formados nas praias foram os
Zoobentívoros e comedores da Macrofauna, com indicativos de grande abundância desses
itens nesse estuário. As ligações tróficas entre presas e predadores, indicando a importância
alimentar, apresentaram IA<25% e entre 25 a 50%, possibilitando coexistência entre as
espécies. O número de ligações tróficas sempre foi maior na praia da Curva do Pontal (praia
dissipativa) e no período chuvoso. As amplitudes de nicho das espécies se mostraram
maiores durante o período chuvoso, devido a grande disponibilidade de recursos alimentares
em relação ao período de seca. O estudo da organização trófica das assembléias de peixes
demonstrou que as praias em estudo são utilizadas para o desenvolvimento inicial de muitas
espécies de peixes, os quais fazem partição de recursos como forma de possibilitar a
coexistência das espécies.
Descrição:
MEDEIROS, N. I.
Ecologia trófica das assembléias de peixes em
duas praias com diferentes graus de exposição no
estuário do rio Mamanguape, Paraíba – Brasil. 2011. 78f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Biológicas). Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2011.