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A condição feminina é uma das perspectivas que materializou a escrita literária de
Paulina Chiziane no que corresponde ao seu projeto de construção da modernidade
com base na tradição moçambicana. A obra Balada de Amor ao Vento, que conta a
história de amor entre Sarnau e Mwando desde a juventude até a maturidade, foca a
temática da condição de submissão da mulher em Moçambique, a qual possibilita a
discussão de outros temas direcionados para o universo feminino no país, como por
exemplo a poligamia, a monogamia, as crenças tradicionais e o catolicismo, no que
se refere às relações culturais e sociais que se apresentam divididas entre a tradição
e a modernidade. Temos como objetivo desenvolver uma análise sobre a condição
de submissão feminina no romance Balada de Amor ao Vento (2003) da escritora
Paulina Chiziane por meio do discurso da narradora, Sarnau. Paulina Chiziane
desenvolve nessa obra um enredo comandado em primeira pessoa pela
personagem Sarnau que organizará a narração em ciclos possibilitando uma visão
do universo feminino em Moçambique, no qual as mulheres são oprimidas e
submissas, no entanto, o que se percebe é que a personagem oscila de postura
durante a narrativa, ou seja, em momentos é submissa e em outros momentos não.
A história amorosa entre Sarnau e Mwando representa as tensões culturais,
religiosas e políticas da sociedade moçambicana, à medida que permite uma leitura
reflexiva da condição e do papel da mulher que estão ligados à estrutura social e
cultural de um país patriarcal e que ainda reflete as consequências da colonização.
Ainda é cabível afirmar que a escritora torna possível, por meio da literatura, o
surgimento de pensamentos reflexivos em torno da condição feminina no país
moçambicano. O suporte teórico deste trabalho baseia-se na pesquisa bibliográfica
de estudiosos como Gilberto Matusse (2010), Simone Beauvoir (1980), Inocência
Mata (2000), Lília Momplé (1999), entre outros. |
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