Resumo:
Considerado um ambiente de transição gradual entre o rio e a costa aberta, o estuário é
composto por uma série de ambientes rasos como marismas, canais de maré e planícies de
marés. As áreas estuarinas rasas, inclusive as planícies de marés, possuem assembleias de
peixes com altas proporções de indivíduos jovens por fornecerem alimento, e refúgio para os
estágios de vida vulneráveis aos predadores. O presente estudo teve como principal objetivo
analisar a ecologia trófica da Atherinella brasiliensis (peixe-rei) no eixo temporal (sazonal e
diurnal) e ontogenético na planície de maré do rio Mamanguape (Paraíba, Brasil). As
amostragens foram do tipo arrasto de praia, padronizadas com três repetições e feitas
paralelamente à linha da costa, em vários horários ao longo do dia e da noite, e considerando
também o regime hidrológico de seca e chuva. Um total de 443 indivíduos teve o conteúdo
estomacal analisado, onde os principais itens registrados na dieta foram Calanoida e
Cyclopoida. Temporalmente foi verificada uma variação diurnal da dieta, com a espécie
apresentando maiores valores do índice de repleção e maior porporção de itens frescos
ingeridos durante o período do dia. Para o período da noite houve um indicativo de menor
ingestão, sendo considerado assim um período de descanso. Levando em consideração a
variação ontogenética foi observado que houve uma partição da dieta durante os horários do
dia e da noite: durante o dia os indivíduos menores se alimentaram de Cyclopoida e
Calanoida, enquanto os indivíduos maiores se alimentaram de Gastropoda e Algas
Filamentosas; e durante a noite os indivíduos menores continuaram ingerindo Cyclopoida e
Calanoida, já os maiores predaram maior proporção de Teleósteos. Também houve uma
variação se comparados os períodos chuvoso e seco, durante o dia em ambos os períodos a
espécie se alimentou praticamente da mesma classe de presas (microcrustáceos
zooplanctônicos), já durante a noite no período chuvoso ela ingeriu maior quantidade de
peixes (Teleosteo), enquanto que a noite no período seco ela volta a ingerir microcrustáceos
zooplanctônicos. Os resultados indicam que A. brasiliensis, neste ambiente (planície de maré),
ocupa um nicho ecológico distinto durante as fases do ciclo dia/noite, reduzindo assim a
sobreposição/competição tanto intra, quanto interespecificamente pelos itens disponíveis
nesse ambiente estuariano.
Descrição:
SILVA JÚNIOR, J. C. da. Variação diurnal da dieta de Atherinella brasiliensis
(Quoy & Gaimard, 1825) (Atheriniformes: Atherinopsidae)
em uma planície de maré tropical no estuário do rio
Mamanguape, PB. 2014. 37f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Biológicas)- Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2014.