Identificação de linhagens de Candida sp. e perfil de sensibilidade a antifúngicos convencionais e de origem vegetal

Abstract

Alguns fungos e leveduras, principalmente do gênero Candida habitam naturalmente a microbiota humana, sendo encontradas na pele, mucosas, trato gastrointestinal e genital. As leveduras, em especial, são fungos oportunistas responsáveis por grande parte das infecções fúngicas nos seres humanos. Por serem oportunistas capazes de provocar grande variedade de doenças, algumas das quais, invasivas, podem ser importantes causas de morbimortalidade em todo o mundo, representando aproximadamente 30% de mortalidade. Há relatos de resistência de algumas espécies de Candida aos antifúngicos comerciais disponíveis, como Candida glabrata e Candida krusei que apresentam resistência intrínseca ao fluconazol e Candida lusitaniae sendo relatado com resistência à anfotericina B. Esses relatos de resistência vêm aumentando nas últimas décadas e, no futuro, essa resistência pode dificultar ou mesmo impossibilitar os tratamentos das infecções fúngicas. Levando-se em consideração a gravidade das infecções fúngicas, este estudo teve por objetivo identificar fenotipicamente linhagens de Candida, avaliar o perfil de suscetibilidade destas cepas frente a antifúngico sintético (nistatina) e a produtos vegetais, e avaliar a interação entre os antifúngicos sintéticos e a um produto vegetal. Das 24 cepas estudadas, foram identificadas fenotipicamente utilizando-se o meio cromogênico CHROMagar™ Candida em: C. albicans (1), C. tropicalis (6), C. krusei (14) e Candida sp. (3), constatou-se, portanto uma prevalência de candidas não albicans. A utilização do meio de cultura cromogênico, CHROMagar™ Candida mostrou eficácia para identificação rápida, presuntiva, de várias espécies do gênero Candida. Dos produtos vegetais testados, a tintura de barbatimão (Stryphnodendron adstringens) se mostrou ativo para 95,83% das cepas utilizadas, apresentando-se inativo apenas para uma cepa de C. krusei, sendo escolhida para a realização do estudo de interação com o antifúngico sintético. A concentração inibitória mínima (CIM) da tintura de barbatimão variou de 100% a 12,5% em função das espécies fúngicas testadas, sendo respectivamente de 100%, 25% e 12,5% para C. tropicalis. C. albicans e C. krusei. Em relação aos efeitos de interação, observou-se que a CIM da tintura de barbatimão interagiu sinergicamente com a nistatina frente às linhagens de C. albicans e C. krusei, não mostrando, sinergismo ou antagonismo para C.tropicalis. Observou-se também que a tintura de barbatimão além de possuir atividade antifúngica foi capaz de potencializar in vitro a atividade da nistatina em algumas linhagens. Estes resultados permitem a continuidade de novos estudos visando não só a elucidação dos mecanismos de ação dessa atividade, como também a realização de estudos in vivo, para que este produto possa ser utilizado, futuramente, no tratamento de infecções fúngicas causadas pelo gênero Candida.