Resumo:
Aedes aegypti, é o principal vetor da dengue, atualmente, a mais importante arbovirose nas
regiões tropicais e subtropicais. Por não existir vacina para prevenção desta doença, o controle
do mosquito constitui a principal intervenção para reduzir a transmissão do vírus. Entre as
estratégias utilizadas para o controle das populações do A. aegypti o uso de inseticidas
químicos, controle biológico e eliminação de criadouros são os métodos amplamente
utilizados. No entanto, estes métodos não levam em consideração fatores ecológicos,
climáticos e genéticos. A compreensão dos padrões genéticos e da distribuição espacial deste
vetor é importante para rastrear e prevenir a dispersão de genes, envolvidos na resistência a
inseticidas e diferença da capacidade vetorial. Desta forma, o presente trabalho objetivou
avaliar a influência da variação sazonal sobre a estrutura genética e dispersão em microescala
de populações naturais de A. aegypti oriundas de dois bairros do município de Campina
Grande através de três marcadores de microssatélites. Para cada ponto de coleta também foi
realizado inquérito entomológico e aquisição de dados meteorológicos, para caracterizar a
influência de fatores climáticos sobre a estrutura e diversidade genética das populações. Os
resultados obtidos através da análise entomológica evidenciaram um aumento de 68,77% na
oviposição no período chuvoso e maior presença de machos em ambos os períodos com
número de fêmeas mantendo-se constante. A análise de diversidade genética revelou a
presença de 8 alelos no período seco e 10 no período chuvoso. O maior e menor valor de
heterozigosidade observada (H
) foi obtido no bairro do José Pinheiro, respectivamente, no
período seco (H
O
O
= 0,307) e no período chuvoso (H
= 0,238). Para a heterozigosidade
esperada (H
E
O
) o maior valor foi no bairro do Catolé, no período chuvoso (H
= 0,476) e o
menor no bairro do José Pinheiro, período seco (H
= 0,367). Os índices de fluxo gênico
(Nm) foram superiores a 50 em ambos os períodos e as populações mostraram alto índice de
similaridade genética F
ST
E
= 0,015 no período seco e 0,019 no período chuvoso, as análises de
coordenadas principais e bayesiana evidenciaram a presença de dois grupos, os quais não
refletem a distribuição geográfica, contudo revelou um padrão de agrupamento associado aos
efeitos climáticos, enquanto que a análise de variância de variância molecular (AMOVA)
também revelou grande nível de diferenciação genética dentro das populações (76%).
Podendo-se concluir que há necessidade de maior intervenção de controle deste vetor no
período chuvoso, devido o elevado número de oviposição, causando aumento populacional e consequentemente aumento na diversidade genética, a qual possibilita uma maior dispersão de
locos associados com resistência e variação na competência vetorial das populações.
Descrição:
PEREIRA, B. N. S. Caracterização espaço-temporal da variabilidade genética de populações naturais de Aedes (Stegomyia) aegypti (L.) (DIPTERA: CULICIDAE) em dois bairros do município de Campina Grande, Paraíba. 2014. 54f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Biológicas)- Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2014.