Resumo:
As ações e os serviços de saúde que permeiam o Sistema Único de Saúde visam à
erradicação da desigualdade na assistência à saúde. Neste contexto, a deficiência visual
deve ser relacionada aos fatores sociais, econômicos, culturais, políticos, educacionais,
dentre outros. A qualidade de vida e saúde da pessoa cega à medida que possibilita
promover o desenvolvimento de potencialidades individuais, mantém uma estreita
relação com a prevenção ou redução de incapacidades a partir de sua independência nas
atividades do cotidiano. Espera-se que os resultados possam contribuir para a criação de
um protocolo de pesquisa, para o planejamento de políticas públicas destinadas às
pessoas com deficiência (PcD), para a formação de recursos humanos em saúde e para a
ampliação de pesquisas e publicações. Nessa perspectiva, traçou-se como objetivo
verificar capacidade funcional em pessoas cegas que frequentam as atividades do
Instituto de Educação e Assistência aos Cegos do Nordeste (IEACN) em Campina
Grande – PB. O estudo é do tipo descritivo, com abordagem quantitativa, realizado
entre os meses de maio e junho de 2011, no IEACN. A população foi composta por 24
pessoas cegas adultas que participam das atividades do IEACN, com função cognitiva
normal. Foram utilizados dois questionários:Instrumento Sociodemográfico da PcD
visual e Escala de Katz – possibilita verificar a capacidade funcional das pessoas para
Atividades Básicas da Vida Diária (ABVD‟s). Foi realizada estatística descritiva dos
dados, os quais foram compilados no Programa Excel 2007. Foram seguidas as
recomendações éticas para pesquisas com seres humanos.Verificou-se os seguintes
resultados quanto aos dados sociodemográficos: 71% são do sexo masculino; 79%
apresentam idade entre 31 e 50 anos; 41% são católicos; 96% nasceram no estado da
PB; 50% mora nesta cidade há mais de 30 anos; 29% apresenta primeiro grau
completo;46% são solteiros(as); 37% não têm filhos; 38% moram com 1 e/ou 2 pessoas;
e, 32% convivem com esposo(a)/ companheiro(a). No tocante à capacidade funcional,
têm-se os seguintes dados: a maioria é independente em todas as variáveis referentes
aABVD‟s; 67% são independentes nas seis funções (IK = 0); e as ABVD‟S mais
afetadas são continência (46%) e vestir-se (36%). Condiçõessociodemográficas
desfavoráveis podem corroborar negativamente com a saúde e a qualidade de vida das
pessoas, sobretudo as PcD visual. Esse alto índice de independência funcional pode ser
refletido pelo fato de ao chegar à idade adulta, a pessoa com deficiência visual
congênita em geral já passou por um processo de reabilitação, de escolarização, de
orientação e mobilidade, de aquisição de hábitos de higiene e cuidados pessoais. Foi
possível concluir que, quanto aos aspectos sociodemográficos, é evidente a precariedade
deste seguimento social no que concerne ao grau de instrução. Em relação à capacidade
funcional, as pessoas cegas participantes do estudo são independentes em todas as
variáveis referentes às ABVDs. É mister a realização de novos estudos sobre aspectos
que se relacionam à qualidade de vida e saúde da Pessoa com Deficiência Visual, uma
vez que os estudos encontrados ainda são escassos; e, percebe-se a necessidade em
desenvolver políticas públicas que atendam às necessidades básicas dessa população.
Descrição:
ARAÚJO, A. K. F.
Avaliação da capacidade funcional em pessoas cegas. 2011. 53f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Enfermagem). Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2011.