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A Operação Pipa é um sistema assistencial de grande envergadura e elevado valor
social nas situações emergenciais de longas estiagens, coordenada pelo Exército e
Defesa Civil, que tem como propósito a distribuição de água potável as comunidades
dispersas. De acordo com esse sistema pondera-se a eficiência de cobertura, a
frequência de abastecimento, origem e qualidade da água distribuída, e seus impactos
de uso à saúde pública. Embora criticada por diferentes setores o fornecimento de água
por caminhões pipa é a forma mais tradicional de abastecimento dessas populações
carentes que habitam estes municípios O objetivo desta pesquisa foi avaliar as
operações emergenciais de distribuição de água às famílias rurais sem água potável do
médio Sertão paraibano na atual seca prolongada e analisar problemas eventuais de
saúde pública associados com qualidade e quantidade de água cedida pelos carros
pipa. Foram realizados questionários socioculturais, visitas às famílias e coletas de
águas para análises química, física e microbiológica. O presente estudo foi
desenvolvido com famílias de três municípios do médio sertão paraibano em situação
de calamidade pública: Quixaba, Patos e Malta, onde Malta possui IDH 0,613;
Quixaba possui 94,5% da população residente em área rural, possuindo um IDH 0,599,
e a população de Patos possui 32,5% residente em área rural, com IDH 0,701.
Observou-se que a cobertura de atendimento com água potável não atingiu 100% dos
afetados com seca, e os carros pipa não preencheram o volume total da cisterna devido
à sua capacidade de transporte que varia entre 6 a 10.000. Os 16.000 l da cisterna
permitiria fornecer durante um ano 8 a 9 litros de água por pessoa por dia em uma
família de até 5 membros, todavia em uma única viagem devem abastecer mais de
uma família. Em Quixaba obteve-se uma cobertura de 75%, em Malta de 36% e em
Patos de 5%, este último foi excepcional visto que dispõem de abundante água
subterrânea de boa qualidade suprindo suas necessidades, já em Malta e Quixaba foi
necessário recorrer a outros tipos de água, como de açudes, barreiros ou de carros pipa
com água de qualidade duvidosa para atenuar a escassez. Uma maior demanda que a
prevista obrigou a aumentar a frequência de distribuição: de mensal, para quinzenal e
finalmente semanal. A qualidade da água não atendeu aos padrões de potabilidade
segundo a Portaria 2914/2011 do Ministério da Saúde, devido a ausência de cloro
residual (deveria se manter entre 0,5 e 2,0 mgl
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e a contaminação fecal (Coliformes
Termotolerantes e Escherichia Coli), sendo um risco potencial à saúde púbica. No
público alvo não houve novos casos de diarreia pelo uso dessas águas, A operação
pipa, com logística complexa e limitações, soube satisfazer as necessidades básicas
das comunidades rurais carentes de água na atual estiagem prolongada. |
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