Resumo:
Varronia globosa Jacq, conhecida popularmente como “Maria-preta” é uma espécie da
família Boraginaceae que apresenta ampla distribuição na região Nordeste do Brasil. O
infuso ou decocto das folhas desta planta medicinal é utilizado na medicina popular para
o tratamento de reumatismo, indigestão e cólicas menstruais. No entanto, para que um
material vegetal possa ser utilizado como fitoterápico na prevenção e/ou cura de
doenças são necessários estudos prévios relativos a aspectos botânicos,
farmacognósticos, fitoquímicos, farmacológicos e toxicológicos. Neste trabalho, foi
estudado o extrato etanólico bruto (EEB) obtido das folhas pulverizadas de Varronia
globosa, tendo como objetivo efetuar uma abordagem fitoquímica, avaliar seu potencial
tóxico (in vivo e in vitro) e sua atividade anti-inflamatória. Foi realizado inicialmente
um screening fitoquímico qualitativo, seguido da quantificação de flavonoides.
Posteriormente foram estabelecidos alguns parâmetros físico-químicos de qualidade
utilizando metodologias farmacopéicas. Foi efetuada uma análise toxicológica aguda em
camundongos para calculo da DL50, com triagem comportamental e finalizada por
avaliação da evolução ponderal, consumo de água e ração, além de análise
macroscópica dos principais órgãos. Os ensaios de citotoxicidade foram realizados
através da análise da atividade hemolítica e anti-hemolítica (teste de Fragilidade
Osmótica Eritrocitária - FOE). Por fim, o teste de potencial anti-inflamatório foi
realizado segundo o modelo de peritonite induzida por carragenina em camundongos. A
prospecção fitoquímica preliminar sugeriu a presença de flavonoides e saponinas. A
quantificação de flavonoides revelou uma concentração de 19,85 µg/mL. Com relação
aos parâmetros físico-químicos determinados, a granulometria classificou o pó como
moderadamente grosso, a densidade apresentou um valor de 0,125 g/mL, o fator de
Hausner encontrado foi superior a 1,25, foi observado um pH de 5,54, a perda por
dessecação ficou entre 8-14% e o teor de cinzas foi de 5,87%. O ensaio de toxicidade
aguda na dose única de 2000 mg/kg do EEB das folhas de V. globosa não provocou
sinais de alterações no Sistema Nervoso Central e Autônomo, no entanto, promoveu
aumento no consumo de ração pelos machos e induziu alterações discretas nos pesos
relativos dos rins para ambos os grupos quando comparado com seu respectivo grupo
controle. No estudo citotóxico o extrato etanólico bruto das folhas de V. globosa não
causou hemólise significativa dos eritrócitos em nenhum dos grupos sanguíneos
testados, mas também não protegeu as células eritrocitárias quando expostas a soluções
hipotônicas de NaCl. No ensaio de peritonite induzida por carragenina o EEB diminuiu
significativamente a migração leucocitária nas doses de 250 e 500 mg/kg em
comparação ao grupo controle. A partir dos resultados obtidos nesta pesquisa, torna-se
possível concluir que a espécie V. globosa possui interessante perfil fitoquímico, com
baixa toxicidade in vivo e in vitro e potencial anti-inflamatório, garantindo uma boa
margem de segurança para dar-se continuidade aos estudos com esta espécie.
Descrição:
DANTAS, C. A. G. Investigação fitoquímica e avaliação do potencial tóxico e anti-inflamatório de Varronia globosa Jacq. (BORAGINACEAE). 2015. 63f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Farmácia)- Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2015.