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Esta pesquisa aborda a relação entre literatura e identidade, a partir da esfera
da memória, no romance Teoria geral do esquecimento, do escritor angolano
José Eduardo Agualusa. Para tanto, parte da investigação da construção
identitária da personagem Ludovica, no contexto conturbado da Luanda pósguerra,
em 1975. Na tentativa de se resguardar de uma sociedade que tenta
desordenadamente se reestabelecer, Ludo isola-se por trinta anos em seu
apartamento, vivenciando as memórias de múltiplos outros personagens, na
busca por uma nova identidade. Na ficção de Agualusa, esse fator é o
pressuposto da crença no próprio indivíduo e no questionamento de como ela é
construída, ou reconstruída, a partir das ruínas que restaram de um povo, de
uma pessoa e seu passado. A memória é, neste sentido, o único e mais forte
recurso na busca por essa identidade. Estrangeira, em um país devastado
pelos efeitos da guerra, é através da memória que Ludovica tenta sistematizar
as suas histórias em intersecção com as histórias do povo angolano. Para fins
de análise, os procedimentos metodológicos selecionados para o levantamento
dos dados englobam a leitura e o mapeamento do romance, a observação da
construção da protagonista Ludo e a discussão da relação entre memória,
esquecimento e identidade, baseados nos pressupostos teóricos de autores
como Bauman (2005), Candau (2012), Candido (2004), Hall (2006), Laraia
(1997), Perrot (2010), Ricoeur (2008) dentre outros. Assim, observa-se que os
meandros da memória promovem a reflexão da personagem sobre si mesma,
sobre o outro, sobre as ruínas que metaforizam experiências humanas
conflituosas. |
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