O lugar que ocupa a atividade de análise linguística no ensino da língua: um estudo incipiente no livro didático

Abstract

A presente pesquisa tem como objetivo analisar como as atividades voltadas à abordagem do tópico gramatical sujeito e predicado estão sendo desenvolvidas nos anos finais do ensino fundamental (6º a 9º ano) nos volumes da coleção didática Português: Linguagens, dos autores William Cereja e Thereza Cochar (2015). Verificamos se o tratamento que é dado a esse conteúdo está em consonância com um ensino reflexivo de gramática, cuja metodologia se volta para o USO-REFLEXÃO-USO, como difundem os documentos oficiais (PCN, Guia PNLD/2017). Para atingir esse objetivo realizamos uma investigação de natureza documental, de base exploratória, e bibliográfica. Na pesquisa bibliográfica, buscamos, inicialmente, refletir sobre os tipos de gramática subjacentes à concepção de língua/linguagem e suas implicações pedagógicas para as ações escolares. Prosseguindo, defendemos o ensino de uma gramática contextualizada, o que implica considerar as situações reais de uso da língua e suas influências na organização do material linguístico. Completamos a discussão teórica dedicando uma atenção especial sobre a importância que as práticas de análise linguística ocupam como eixo complementar para o desenvolvimento da competência linguística dos alunos, nos atos de ler e produzir textos orais e escritos; e, por fim, sobre as perspectivas e desafios nos quais se insere o livro didático de língua portuguesa do ensino fundamental no contexto atual. Na discussão de dados, descrevemos um panorama da estrutura composicional de duas unidades dos volumes selecionados (segunda unidade do 7º ano e primeira, do 8º ano), e do manual do professor, refletindo sobre o modo de apresentação dos conhecimentos gramaticais, e tecendo, em seguida, uma análise crítica sobre a adequação ou não da sintaxe do sujeito e predicado às atividades epilinguísticas que pudessem suscitar reflexões para professores e alunos sobre a função que as estruturas sintáticas podem exercer nas construções de sentidos do texto. Para construir uma relação amigável entre a teoria e a análise do corpus, fundamentamos este trabalho nos estudos de Geraldi (1997 e 2011[1984]), Possenti (1996); Travaglia (2003 e 2009), Bezerra & Reinaldo (2013), Rojo (2003), Antunes (2010), Neves (2002), nos apoiamos também nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN, 1997 e 1998), Guia Nacional do Livro Didático (PNLD/2017 - Língua Portuguesa), et al.