"Pouco se vive, muito se vê...": uma leitura de Grande Sertão: Veredas em HQ a partir da linguagem quadrinística

Abstract

O presente trabalho objetiva analisar a HQ Grande Sertão: Veredas ilustrada por Rodrigo Rosa e com roteiro de Eloar Guazzelli, focalizando os elementos da linguagem em quadrinhos presentes no texto, que foram discutidas em teoria. Além disso, pretendemos mostrar que a adaptação de Grande Sertão: Veredas (2016) é uma obra nova, uma "adaptação como adaptação", em que o foco não recai na busca pelas similaridades entre a obra original e a adaptada, mas sim na potencialidade da adaptação. Para tal abordagem metodológica baseamo-nos nos estudos teóricos sobre a Linguagem dos Quadrinhos e sobre Adaptação. A técnica de coleta utilizada é a documentação indireta, formada pela pesquisa bibliográfica (livros, textos acadêmicos, afins com o objeto e metodologia adotados) e a pesquisa documental (a análise da história em quadrinhos selecionada). Na obra em HQ, analisamos alguns elementos da linguagem dos quadrinhos, percebendo como a disposição de cada item para a narrativa tem uma contextualização para além de apenas uma imagem desenhada. A disposição das vinhetas; a cor das onomatopeias; o tempo (timing) e como os recortes de vinhetas são capazes de representar essa passagem de tempo; a perspectiva de luz e sombra; os planos de cena, especificamente o close-up, plano primeiro, plano médio, plano geral; os movimentos e afastamento; as linhas demarcatórias e, por fim, a página dupla que chamamos de splash-page, foram elementos observados na análise. Essa análise tem como objetivo perceber a poética do romance roseano sob uma construção da linguagem quadrinística, e mostrar que um requadro pode nos contar muitas histórias.