Resumo:
O presente trabalho tem por objetivo analisar o romance Nada, primeiro da autora espanhola Carmen Laforet, publicado em 1944, em que se narra a história de uma jovem que, ao sair do interior da Espanha no período pós-guerra civil para viver com seus familiares maternos e estudar em Barcelona, depara-se com uma realidade diferente da que esperava. O estudo tem como objeto as representações da melancolia, na narrativa de Nada, especialmente em relação à protagonista, para o que dialogamos, também, com algumas reflexões teóricas de Freud e Walter Benjamin. Segundo Freud (1967), a melancolia é um estado ocasionado como reação a uma perda, que pode ser tanto real quanto ideológica e/ou imaginada, causando dor, tristeza, cessar de interesse pelo mundo – características comuns ao luto – e, principalmente, uma diminuição do amor próprio, aspecto em que se singulariza. Walter Benjamin (1985) por sua vez, analisa a melancolia como uma via de reflexão crítica. Este estudo constata e analisa essas duas faces da melancolia na diegese do romance de Laforet, bem como os mecanismos narrativos que conferem à narradora um papel discursivo-reflexivo marcado tanto pelas experiências de perda simbólica que caracterizam o contexto histórico pós-guerra civil, na Espanha, quanto de elaboração, na linguagem da narrativa, de caminhos que, em alguma medida, respondem à necessidade de elaboração da própria história a partir das ruínas do passado e do presente.
Descrição:
SOUZA, A. P. A. Dois aspectos da melancolia em Nada, de Carmen Laforet. 2016. 82f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Letras/Espanhol)- Universidade Estadual da Paraíba, Monteiro, 2015.