Resumo:
Condicionadas ao reducionismo empírico de uma imprensa pautada na construção
de verdades cristalizadas sobre o modelo ideal de família, moral e sexualidade, as
travestis tornaram-se alvos de críticas e representações: prostitutas, criminosas,
“aidéticas” e carnavalescas. De um extremo a outro, a travesti, com sua fluidez
corpórea e identitária, se contrapõe a estabilidade das práticas discursivas do Jornal
da Paraíba impresso acerca da mesma, em todo o decorrer da década de 1990.
Sinalizado como dispositivo de poder que se restringe aos padrões normativamente
aceitos e favoráveis a sociedade da época, esse discurso midiático veiculou notícias
das mais variadas regiões do país, estabelecendo uma associação entre as travestis
e os lugares de perigo, medo, incerteza e exotização/erotização, partindo do
contexto paraibano para o nacional, anunciando e denunciando uma espécie de
profanação a moral social, que estaria sendo praticada pelas travestis ao assumirem
sua conduta sexualmente desviante. Neste sentido, a presente pesquisa objetiva
problematizar as múltiplas imagens das travestis produzidas pelo Jornal da Paraíba
na década de 90, analisando como elas foram constituídas a partir de estereótipos
degradantes, que ameaçavam desorganizar uma dada ordem social estabelecida
naquele período.
Descrição:
SILVA, K. L. B. O Jornal da Paraíba e suas travestis: os estereótipos de ser travesti (1990). 2017. 82f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em História) - Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2017.