Resumo:
Os folhetos de cordéis podem ser considerados artefatos que colaboram para a construção do conhecimento tanto em espaços formais como informais. Dotados de relações entre a oralidade e a escrita, os cordéis tiveram importantes contribuições no estabelecimento de relações entre analfabetos e semianalfabetos, permitindo que pessoas pouco habituadas ao mundo da escrita experimentassem situações em que utilizavam a palavra escrita e impressa. Além disso o folheto de cordel foi essencial no processo de alfabetização de várias pessoas, inclusive poetas, sendo, também, utilizado como recurso didático pelo (a) professor (a) em sala de aula, no Brasil do século XIX. É nesse contexto que este trabalho propõe entender como no ensino de ciências o cordel se constitui como objeto de estudo na construção e apresentação de conhecimentos científicos. Assim, temos como objetivo geral investigar de que maneira as temáticas relacionadas às Ciências da Natureza estão presentes na literatura de cordel e como a partir dela é possível educar no contexto do ensino de Biologia. Para isso, realizamos uma revisão sistemática da literatura, em periódicos de A1 a B1 da CAPES, da área de ensino, entre 2006 e 2016, e nos anais do I ao X Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências (ENPEC), entre 1997 e 2015. A procura dos artigos foi realizada nas respectivas páginas das revistas e anais, através da palavra-chave “cordel”. No que diz respeito aos periódicos encontramos um total de sete artigos. Nos anais do ENPEC, encontramos três artigos, sendo dois desses ligados ao ensino de Biologia. Tais estudos elencaram temáticas que evidenciam a importância do cordel como meio de aprendizagem, a análise de mensagens veiculadas nos folhetos de cordéis, a construção de cordéis como instrumento didático e as potencialidades do cordel para a aprendizagem científica. Além disso, analisamos dois cordéis do poeta Manoel Monteiro: O poder das Plantas na cura de doenças, sugerindo a sua inserção nas aulas de botânica no sentido de promover diálogos interculturais que superem a abordagem excessivamente conteudista, e que despertem o interesse de professores e estudantes para esse tema; e O Rio São Francisco – Água a quem tem sede, como forma de aproximar e contextualizar a temática da transposição do Rio São Francisco, geralmente incluída em assuntos voltados à Ecologia, precisamente à Educação Ambiental. Concluímos que a literatura de cordel ainda é pouco utilizada em aulas de ciências, principalmente em aulas de Biologia, e que apesar de favorecer a aproximação entre estudantes e a linguagem científica, o processo de mediação do (a) docente influencia a aplicabilidade desta literatura na sala de aula.
Descrição:
SILVA, M. G. da. A literatura de cordel no ensino de biologia no contexto do ensino médio. 2018. 52f. Monografia (Especialização em Desenvolvimento Humano e Educação Escolar) - Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2018.