Resumo:
A presença de assimetrias morfológicas e/ou funcionais do sistema nervoso central podem
resultar na expressão de lateralização motora e comportamental, tanto em relação ao uso
preferencial do campo visual (esquerdo ou direito) e/ou dos membros anteriores e posteriores
(esquerdo ou direito). O presente estudo teve por objetivo principal realizar uma revisão da
literatura mundial sobre comportamentos lateralizados em espécies de anfíbios e répteis,
procurando avaliar o status atual de conhecimento, incluindo naturalmente o Brasil. Foram
feitas consultas as bases de dados dos indexadores Google Acadêmico, Science Direct, SCielo
e Scopus. A amostragem abrangeu o período de 1980 até maio de 2019, correspondendo a quase
39 anos. Estudos sobre lateralização comportamental envolveram 27 espécies Lyssamphibia
pertencentes às ordens Anura e Caudata. Nenhuma espécie da ordem Gymnophiona foi testada
quanto à presença de comportamentos lateralizados. Um total de 24 espécies de répteis
Squamata foram investigadas quanto à exibição de comportamentos lateralizados: 14 espécies
de lagartos e três espécies de serpentes. Também já foram testadas sete espécies de Testudines.
Nenhum estudo analisado testou a presença de lateralização comportamental em representantes
das ordens Crocodylia e Rhynchocephalia, nem para membros da subordem Amphisbaenia.
Evidências experimentais obtidas nos trabalhos sugerem que existe uma associação entre
comportamentos lateralizados e bem-estar animal, com base na hipótese da valência emocional.
Com relação ao status de conservação das espécies que foram estudadas quanto à presença de
comportamentos lateralizados temos: 40 espécies classificadas na categoria Pouco Preocupante,
cinco espécies como Próximo de Ameaçada, duas espécies como Vulneráveis, em Perigo e
Criticamente Ameaçadas uma espécie cada, e duas espécies constam como não avaliadas; dados
de acordo com a lista vermelha das espécies ameaçadas da IUCN. A quantidade de estudos
envolvendo comportamentos lateralizados em espécies de anfíbios e répteis tem crescido
consideravelmente nas últimas décadas em muitos países do mundo. Porém, no Brasil, nenhum
trabalho tem sido publicado sobre esse tema, apesar do país abrigar a mais rica fauna de anfíbios
e a terceira mais rica fauna de répteis do mundo. O principal e mais urgente desafio é despertar
o interesse de pesquisadores para que desenvolvam estudos sobre comportamentos lateralizados
em espécies de anfíbios e répteis brasileiros, visto que tais dados podem também ser usados
como importante ferramenta para a adoção de medidas de bem-estar animal e em estratégias
para a conservação de espécies ameaçadas.
Descrição:
OLIVEIRA, Jefferson Nunes de. Comportamento lateralizado em anfíbios e répteis no mundo: status de conhecimento e perspectivas. 2020. 104f. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Ciências Biológicas) - Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2020.