Resumo:
Os dados dos Centros de notificação das intoxicações brasileiras e norte-americanos apontam
que os medicamentos são o principal agente responsável por intoxicações nesses países.
Objetivou – se avaliar a epidemiologia das intoxicações por medicamentos relacionando os
casos com as Síndromes Tóxicas nas emergências. Tratou-se de estudo clínico epidemiológico e transversal, com abordagem quantitativa. Os dados clínicos epidemiológicos
foram coletados das fichas de notificação dos pacientes admitidos com história de exposição
ou intoxicação por medicamentos no Centro de Informação Toxicológica de Campina Grande
(CIATox-CG), no ano de 2018. Os medicamentos foram classificados de acordo com a
classificação Anatomical Therapeutic Chemical Code (ATCC), que separa os agentes de
acordo com sua atuação nos sistemas e órgãos alvo. No período avaliado, foram notificados
363 casos de intoxicações por medicamentos. Observamos que as intoxicações por
medicamentos acometem principalmente mulheres jovens, por tentativa de suicídio. De
acordo com a análise do qui-quadrado, as variáveis gênero com escolaridade e os
medicamentos não possuem associação estatisticamente significativa (p<0.05). É importante
destacar que a grande maioria dos desfechos é de cura sem sequela. Analisamos, ainda, que
fora as associações medicamentosas com 55,9% (n=203) dos casos, os dois grupos
farmacológicos mais comuns nas intoxicações foram os psicolépticos-N05 (antipsicóticos e
ansiolíticos), com 28,6% (n=104) dos casos, seguidos pelos antepilépticos-N03 com 5,5%
(n=20). Observou-se também intoxicações por antidepressivos-N06. Os pacientes intoxicados
com fármacos do grupo N05, como o Haldol e os Benzodiazepínicos e o N03, como os
barbitúricos, se manifestam clinicamente através da síndrome extrapiramidal e da síndrome da
depressão neurológica, respectivamente. Por outro lado, os casos de intoxicação por fármacos
do grupo N06, representados pelos antidepressivos tricíclicos revelam-se através da síndrome
serotoninérgica. Concluiu -se que o atendimento inicial do paciente intoxicado na emergência
segue etapas básicas, e uma delas é a identificação das síndromes tóxicas, descritas como um
conjunto complexo de sinais e sintomas produzidos por exposições tóxicas a produtos
químicos, como os medicamentos. Assim, se faz necessário que o profissional tenha um
raciocínio clínico capaz de reconhecer com rapidez, através do exame físico, os tipos de
síndromes que podem acometer os pacientes intoxicados que dão entrada no serviço de
emergência. Dessa forma, o diagnóstico precoce das síndromes possibilita uma conduta
terapêutica adequada, com o uso de antídotos e antagonistas específicos. A agilidade no
manejo tem como consequência a melhora do prognóstico e desfecho do caso. Desse modo,
buscamos efetivar a premissa da toxicologia clínica que devemos tratar o paciente, e não o
agente tóxico.
Descrição:
TRAJANO, R. C. Intoxicação medicamentosa e reconhecimento das síndromes tóxicas na emergência em Campina Grande. 2019. 21f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Farmácia)- Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2019.