Resumo:
A hemostasia é um mecanismo complexo de eventos fisiológicos e bioquímicos, pelo qual o
sangue permanece fluído e circulante nos vasos, pois, contempla eventos sincrônicos que
envolvem: vasos sanguíneos, plaquetas, proteínas da coagulação, agentes fibrinolíticos e
anticoagulantes naturais. Qualquer alteração ou deficiência no processo de coagulação se
caracteriza como uma doença hemorrágica. Deficiências quanti/qualitativas de uma ou mais
proteínas plasmáticas, as quais são transmitidas a seus sucessores pelo caráter genético que
possuem, resultam em distúrbios hemorrágicos hereditários (DHHs). Dentre os DHHs mais
frequentes no mundo e noBrasil, destacam-se a Doença de Von Willebrand (DvW) e as
Hemofilias. A DvW é definida como uma disfunção no processo de adesão plaquetária,
devido à ausência ou anormalidade do Fator de Von Willebrand (FvW) plasmático, fazendo
com que esta patologia se apresente com uma diversidade de manifestações clínicas. Por outro
lado, as hemofilias são desencadeadas por pacientes que possuem deficiências dos fatores da
coagulação VIII (Hemofilia A) e IX (Hemofilia B), sendo assim reconhecidas como
coagulopatias. Existem ainda, outras coagulopatias hereditárias que embora menos frequentes,
apresenta suas importâncias clínicas e diagnósticas. Sendo estas as deficiências dos fatores I,
II, V, VII, X, XI e XIII da coagulação. Assim, os pacientes que possuem estes distúrbios
hematológicos são classificados como portadores de Coagulopatias Hereditárias Raras.Neste
contexto, visando o monitoramento dessas enfermidades existe o sistema Hemovida Web
Coagulophaties. Esse sistema, possibilita o registro nacional da prevalência das doenças e os
dados sociodemográficos dos pacientes, e, além disso, disponibiliza informações sobre
manifestações clínicas, tratamentos e quantitativos de fatores dispensados a estes indivíduos.
Assim, com ênfase na abordagem teórica essencial para o manejo adequado da prática clínica,
objetivou-se com esse estudo realizar uma prospecção atualizada da informação literária,
compilando os principais dados científicos: mundiais, nacionais e regionais, a despeito das
Coagulopatias Hereditárias mais prevalentes. Em adição, descreveu-se o impacto do sistema
HWC no registro, diagnóstico e gerenciamento destas coagulopatias no Brasil. Tal fato,
tornou-se possível estratificar o perfil epidemiológico e clínico dos portadores de DHHs,
incluindo dados específicos do estado da Paraíba. Opresente estudo tratou-se de uma Revisão
Integrativa (RI), com levantamento de material bibliográfico extraído das bases de dados
MEDLINE, LILACS, SCIELO e Google Acadêmico, entre os anos de 2009 a 2019.
Atualmente no contexto mundial, segundo dados da Federação Mundial de Hemofilia (WFH),
há cerca de 315.423 portadores de DHHs, sendo estes indivíduos, distribuídos em 196.706
portadores de hemofilias, 76.144 portadores de DvW e 42.573 portadores de outros distúrbios
hemorrágicos. Sendo importante mencionar que, o número de novos casos notificados
aumentou-se em 19.607 (6,21%) em comparação com os dados referentes ao ano de
2016.Tendo como destaque, a posição do Brasil entre os países com um maior número destes
pacientes. Assim,ao considerar os dados demográficos dos portadores de DHHs no território
brasileiro, denota-se a necessidade de implantação de condutas que amenizem o impacto
causado por essas desordens na saúde pública, visando, oferecer o conhecimento adequado
sobre as DHHs, de modo que o cuidado ao paciente seja otimizado, com intenção de melhorar
sua qualidade de vida.